Igual a tua mãe

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Thaila Garcia
São Paulo

Hoje fazia exatamente uma semana que eu estava em São Paulo. Uma semana desde que reencontrei aquele babaca que eu costumava chamar de melhor amigo, e uma semana desde que comecei a trabalhar na agência da mãe da Ísis. Tirei algumas fotos para uma campanha hoje, e, sinceramente, eu amava essa sensação. Modelar, saber que aquele era o meu trabalho... me dava uma sensação de liberdade.

Terminava de trocar de roupa, pensando em dar uma voltinha no shopping. Afinal, o que mais se faz numa sexta-feira à noite quando você não conhece ninguém na cidade?

— Vai fazer o que agora? — Ísis perguntou, me pegando de surpresa. Ela também tinha fotografado hoje.

— Nada demais... vou dar uma volta no shopping, acho.

— Sério? Shopping? Sexta-feira à noite? Tá maluca, mulher? — ela riu, balançando a cabeça. — Esquece isso. Eu vou pra uma boate hoje. Uma das minhas melhores amigas tá fazendo aniversário, e o namorado dela, que é jogador, deu de presente o camarote inteiro da boate pra ela. Vem comigo, vai ser divertido!

— Não, imagina, Ísis... não vou de penetra na festa da sua amiga, né? — falei, já recusando de cara.

Mas é claro que ela não iria desistir tão fácil. Ísis conseguia ser extremamente insistente quando queria.

— Penetra? Nada! Eu tô te convidando. E além disso, você vai adorar. Vai ser bom pra você conhecer a galera daqui. Vai, não me deixa sozinha! — Ela juntou as mãos, como se estivesse implorando.

Suspirei, tentando resistir. Mas, no fundo, sabia que ela ia conseguir me convencer.

Acabei rindo enquanto Ísis continuava insistindo, até que me vi cedendo.

— Tá bom, vai... me passa o endereço — falei, dando de ombros.

Ela apenas riu, balançando a cabeça.

— Esquece o endereço, gata. Eu passo pra te buscar às 21:00. Fica pronta!

Revirei os olhos, mas sorri.

— Tá, então. Às 21:00 estarei pronta. — Afinal, eu precisava me divertir, né? Lá no Rio, eu sempre estava nas melhores festas, shows, vivia saindo... Não tinha por que não fazer o mesmo aqui em São Paulo.

Me despedi de Ísis e já comecei a pensar no que vestir. Se eu ia sair, tinha que estar à altura da noite.

Já estava quase pronta, usando uma saia de couro preta justa, um body cheio de detalhes, e nos pés, uma bota que dava o toque final ao look. Meu cabelo estava ondulado e a maquiagem, nada muito pesado. Eu nunca precisei de muito para me sentir bem. Me encarei no espelho, ajustando os últimos detalhes, quando ouvi a porta se abrir. Era minha mãe, toda arrumada também.

— Nossa, você tá maravilhosa, filha! — Ela sorriu, entrando no quarto. — Mas me conta, onde você vai toda assim?

Revirei os olhos, mas sorri de leve. Era engraçado como, mesmo eu tendo 22 anos, ela ainda me tratava como se eu fosse uma adolescente.

— Vou sair com uma amiga, mãe. Vamos numa festa, o namorado da amiga dela alugou um camarote numa boate aqui em São Paulo. E você?

— Vou com o Fábio em um jantar com alguns amigos dele. — Ela deu de ombros, ajeitando o cabelo no espelho do meu quarto. — Mas se cuida, hein? Nada de exagerar!

— Pode deixar, vou ser um anjo. — Ironizei, rindo e dando uma piscadinha.

Meu celular vibrou e logo vi a mensagem de Ísis: "Cheguei!". Respirei fundo, peguei minha bolsa, dei uma última olhada no espelho e desci. Quando saí do elevador e vi o carro luxuoso estacionado em frente ao prédio, eu ri sozinha. Claro que a Ísis tinha que vir com estilo, né?

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora