Entre nós...

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Thaila Garcia
São Paulo

Encarava minhas mãos nervosa, a unha branca perfeitamente bem feita — exigência de Fernanda, que insistiu que branco combinava com a cor da minha beca de formanda. Estava ansiosa, confesso. Finalmente, cheguei ao final do curso de arquitetura. Foram longos cinco anos, viu? Eu seria a próxima a ser chamada para subir no palco e receber o diploma, e minhas pernas tremiam, assim como minhas mãos. Encarei o anel brilhante, nada discreto, no meu dedo e lembrei dele... do meu noivo, que com toda certeza estava na plateia, esperando meu nome ser chamado. E parece que foi o destino, porque foi só pensar nisso que escutei a diretora do curso:

— Thaila Garcia, formanda do curso de Arquitetura.

O som ecoou pelo auditório, e eu soube que era a minha hora. Levantei-me, sentindo o coração disparar no peito, e comecei a caminhar em direção ao palco. Cada passo parecia mais pesado, não pelo medo, mas pela emoção que me tomava por completo. Cheguei ao palco e, ao pegar o diploma, me posicionei no microfone. Ali estava eu, depois de meses ensaiando esse discurso sozinha no espelho, tentando acalmar o nervosismo.

Respirei fundo e comecei.

— A Thaila de anos atrás nunca imaginaria que ela estaria aqui, recebendo esse diploma. Nunca pensei que seria capaz de cursar o que sempre sonhei desde pequena... Arquitetura. Eu costumava desenhar bastante, sabe? Incomodava um certo melhor amigo, mostrando casas e prédios, dizendo que, com toda certeza, eu iria construí-los um dia.

Sorri, lembrando desses momentos.

— Esse sonho se perdeu ao longo do caminho, à medida que eu ficava mais velha, mais ocupada... Mas o destino é engraçado. Foi só eu reencontrar esse melhor amigo que ele me lembrou do meu sonho. Foi por um empurrão dele, que me pediu para desenhar uma casa para ele, que eu decidi enfrentar tudo e começar a faculdade aos 22 anos, já tendo outra profissão.

Olhei para a plateia, buscando os olhos dele.

— Foi corrido? Demais. Mas, graças a Deus e à minha família, que sempre me apoiou, eu consegui. E hoje, cinco anos depois, esse melhor amigo vai ter sim a casa desenhada por mim. A diferença é que essa casa vai ser nossa. No nosso novo país. Porque, é claro, esse melhor amigo se tornou o meu noivo e o grande amor da minha vida.

Parei por um momento, ouvindo o som de aplausos e risadas.

— Também queria agradecer à minha mãe, por todo o apoio, mesmo com ela sempre dizendo: 'Thaila, você faz meu botox cansar'. Talvez eu faça mesmo, né? — ri com o público. — Também queria agradecer ao Fábio, que se tornou um verdadeiro pai para mim. Enfim, eu só tenho a agradecer a todos vocês. E que venha um futuro brilhante.

Aplausos tomaram conta do salão, e eu senti um alívio misturado com a felicidade que nunca pensei que sentiria.

Desci do palco, ainda em estado de êxtase, quando senti braços me envolvendo. Richard me abraçou forte, e eu deixei as lágrimas escorrem pelo meu rosto. A emoção era intensa demais para ser contida.

— Você foi incrível, Thaila! — ele sussurrou em meu ouvido, e eu senti meu coração derreter.

Logo em seguida, Fernanda e Fábio vieram me envolver em um abraço coletivo, e eu não consegui evitar de chorar ainda mais. Era uma mistura de alívio, gratidão e felicidade. Estava cercada por pessoas que me amavam e que sempre acreditaram em mim.

— Estou tão orgulhosa de você, meu amor — Fernanda disse, segurando meu rosto entre suas mãos, enquanto as lágrimas brilhavam em seus olhos.

— Você arrasou no discurso, Thaila! — Fábio completou, sorrindo com orgulho. — Não poderia estar mais feliz por você.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora