Entre nós- RICHARD RIOS

Reunião?

Thaila Garcia
São Paulo

Uma semana havia se passado desde aquela briga com Richard. A situação parecia uma repetição dos velhos tempos, como nossa última briga anos atrás na Colômbia, antes de eu me mudar para o Rio. A diferença era que, dessa vez, por algum motivo, eu me importava um pouco mais. Passei a manhã na agência com Ísis e, à tarde, decidimos dar uma volta no shopping. Minha mãe sempre dizia que compras animavam uma mulher, e eu estava disposta a testar a teoria dela.

Quando cheguei em casa, ainda animada com as compras, estranhei a ausência de Fábio e da minha mãe. Eles sempre chegavam por volta desse horário. "Que estranho...", pensei enquanto colocava as sacolas no meu closet. Talvez estivessem presos no trânsito.

Foi quando a campainha tocou. Franzi a testa. Será que eles tinham esquecido a chave? Fui até a porta, esperando ver minha mãe ou Fábio do outro lado, mas assim que abri, meu coração deu um salto.

Richard. Bem ali, parado na minha frente. E ele parecia tão surpreso quanto eu.

Demorei um segundo para processar o que estava vendo. Ele estava... diferente. O cabelo dele, que antes eu conhecia tão bem, agora estava platinado e cortado de um jeito mais moderno. Era estranho, mas, de algum jeito irritante, ainda bonito. Richard sempre foi assim — irritante e bonito.

Revirei os olhos, irritada com a visão dele ali na minha porta, e já estava pronta para fechar a porta na cara dele, mas, claro, ele foi mais rápido e impediu.

— Eu só vim aqui pra uma reunião com o Fábio — ele disse com aquele tom meio despreocupado, típico dele.

Eu soltei uma risada sarcástica.

— Você veio à toa, então. Ele não tá nem em casa.

E ali fiquei, encarando aquele novo Richard, que parecia o mesmo, mas ao mesmo tempo diferente. Eu podia sentir a tensão entre nós ainda no ar, como uma tempestade prestes a estourar.

Richard, claro, não se deu por vencido. Sem pedir permissão, ele simplesmente entrou no apartamento, como se fosse dono do lugar, e foi direto se jogar no sofá da sala.

— Beleza, eu espero por ele aqui então — ele disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Eu senti o sangue ferver na mesma hora.

— Tá louco, Richard? Sai do meu sofá! — eu gritei, indo até ele e tentando, com toda minha força, puxá-lo dali. — Isso aqui não é sua casa, não!

Ele me olhou com aquele sorriso preguiçoso, totalmente indiferente ao meu ataque. Eu comecei a empurrar os ombros dele, tentando tirá-lo à força. Mas antes que eu percebesse o que estava acontecendo, ele segurou meu pulso e me puxou para frente. No susto, eu perdi o equilíbrio e... caí direto no colo dele.

— Mas que droga, Richard! — exclamei, a raiva subindo ainda mais ao perceber a posição ridícula em que me encontrava.

Ele riu, completamente desavergonhado, como se fosse tudo uma grande brincadeira.

— Relaxa, Thaila. Tá tão estressada por quê? — ele disse, com aquele jeito folgado que me fazia querer socá-lo.

Eu senti meu rosto queimar de raiva — e talvez de constrangimento — e tentei me levantar, mas ele segurou minha cintura por um segundo, o que me deixou ainda mais furiosa.

— Me solta, Richard! — falei, tentando me afastar dele, meu coração batendo rápido. Eu não sabia se era de raiva ou de outra coisa que eu não queria admitir.

— Não vou soltar, não — ele disse, me encarando com aqueles olhos castanhos, agora sérios, sem qualquer intenção de me deixar ir.

Eu tentei me mexer, mas a mão dele na minha cintura me mantinha firme no lugar. Meu coração disparou, e eu senti aquela mistura de raiva e... algo mais. Algo que eu não queria sentir, ainda mais por ele.