Thaila Garcia
São PauloAssim que chegamos no prédio, notei que a garagem estava movimentada. Provavelmente, minha mãe e o Fábio já tinham subido. Eu me preparei pra descer do carro, mas Richard segurou meu braço de leve, me puxando de volta para o assento.
— Não sobe ainda — ele disse, com aquele tom quase manhoso, o que me fez rir.
— Grudento, hein? — provoquei, tentando me soltar, mas claro que ele não ia deixar barato.
— Grudento nada. Tô só aproveitando a companhia da minha... melhor amiga — ele sorriu, do jeito que só ele faz.
Antes que eu pudesse responder, senti os dedos dele no meu lado, e aí começou a tortura. Ele começou a me fazer cócegas, me desafiando com aquele sorriso de canto.
— Ri agora, vai! — ele falou, e eu tentei me contorcer pra fugir, mas era impossível.
— Pára, Richard! — reclamei, rindo, tentando empurrá-lo, mas era inútil. Ele sabia exatamente onde me pegar.
Aquele momento leve, cheio de risos, era exatamente o tipo de coisa que fazia tudo parecer tão simples entre nós... quase como se estivéssemos voltando ao que éramos antes.
Ele finalmente parou com as cócegas, mas a mão dele ainda estava no meu lado, e o jeito como ele me olhava... Tão perto que eu podia sentir sua respiração, o calor da sua pele. Meu coração disparou, e mesmo com um leve desconforto, havia algo que me fazia sentir... bem. Segura.
Eu sabia que talvez fosse loucura. Que amanhã, eu poderia me arrepender. Mas naquele momento, com ele ali, não consegui resistir.
— Me beija — a frase escapou antes que eu pudesse pensar duas vezes.
Richard me olhou, surpreso. Seus olhos, sempre cheios de confiança, dessa vez estavam mais suaves, preocupados.
— Você tem certeza? — ele perguntou, a voz mais baixa do que o normal. — Não precisa se apressar, Thaila. Pode ser no seu tempo.
Eu podia sentir a tensão dele, como se estivesse pronto para recuar se eu quisesse. Mas eu não queria. Nem um pouco.
Em vez de responder, me inclinei para frente e calei a boca dele com um beijo. Um beijo que eu nem sabia que era capaz de dar. Foi quente, intenso, como se tudo o que eu sentia por ele nesses anos tivesse explodido de uma vez. As mãos dele subiram para a minha cintura, me puxando mais perto. E por um segundo, eu me perdi completamente no momento.
Nada mais importava.
Sem pensar duas vezes, soltei o cinto e, antes que ele pudesse reagir, subi no colo dele ali mesmo, dentro do carro. Senti o corpo dele tensionar, os olhos arregalados de surpresa. Mas ele não disse nada. Apenas continuou me olhando daquele jeito, como se tentasse entender o que diabos eu estava fazendo.
O beijo continuou. As mãos dele subiram para a minha cintura, me puxando para mais perto, agora com mais força, mais urgência. Eu não sei o que me deu, mas a necessidade de estar perto dele, de sentir o toque dele, foi mais forte que qualquer pensamento lógico. Talvez fosse o tempo que passamos separados, talvez fosse só o momento, mas ali, naquele segundo, nada mais importava.
Até que ele se afastou, os olhos escuros encarando os meus, um pouco mais controlado, mas a respiração ainda pesada.
— Thaila... nós estamos na garagem do seu prédio. — Ele falou, a voz um pouco rouca. — Se você não quiser isso, agora é a hora de parar. Pode se arrepender depois...
Eu o encarei, os olhos dele procurando algum sinal de que eu mudaria de ideia. Mas, ao invés de hesitar, me inclinei um pouco mais perto e soltei a pergunta com um sorriso provocador:
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Entre nós- RICHARD RIOS
FanficQuando seus caminhos se cruzaram novamente, a cidade grande e suas complexidades apenas acentuavam as tensões e as mudanças que ambos carregavam.