Conversar?

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Richard Rios
São Paulo

Voltei com a pipoca na mão, mas meu foco estava longe do que eu carregava. Cada vez que eu olhava para Thaila, aquele fogo estranho reacendia dentro de mim. Era como se uma corrente elétrica passasse entre nós, e quanto mais eu tentava ignorar, mais difícil ficava.

Ela estava sentada no sofá, mexendo no celular, com a sobrancelha arqueada assim que me viu chegar. Era quase como se ela estivesse tentando entender qual era a minha, como se algo estivesse fora do lugar.

— Tá aí sua pipoca — falei, jogando a tigela no sofá entre nós. Me sentei do outro lado, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava.

Ela pegou um punhado de pipoca e me olhou, desconfiada, com aquele jeito provocador de sempre. Parecia que estava tentando desvendar o que estava rolando na minha cabeça. Mas nem eu sabia ao certo. O que era isso? Por que diabos eu não conseguia parar de secar ela, de imaginar coisas que eu não devia?

A Thaila de hoje, sentada na minha sala, mexia comigo de um jeito que a Thaila da infância nunca mexeu. E o pior é que eu não conseguia esconder mais o que estava sentindo, porque até ela tava começando a perceber que algo estava diferente.

— Qual é a sua hoje, hein? — ela perguntou, me encarando de lado, com aquela curiosidade estampada no rosto.

Quer saber? Tô cansado de tentar entender o que tá rolando aqui. Thaila tava me encarando daquele jeito desconfiado, e eu só conseguia pensar em como os lábios dela ficariam nos meus. Já era. Foda-se.

— O que foi, tá com medo de mim agora? — soltei, me inclinando mais perto dela no sofá, deixando um sorriso provocador surgir no meu rosto. Ela estreitou os olhos, ainda mais desconfiada, mas eu não tava nem aí.

Antes que pudesse pensar duas vezes, me aproximei de vez, tentando beijar a morena. Senti ela congelar na hora, e então, rápido como um raio, ela se afastou, me olhando com os olhos arregalados.

— Richard, você tá maluco? — A voz dela saiu um pouco mais alta do que ela provavelmente pretendia, mas eu só conseguia rir, meio sem acreditar no que tinha acabado de fazer.

— E se eu tiver? — provoquei, ainda rindo, sem me afastar muito. O jeito que ela me olhava, tentando entender o que tava acontecendo, me deixou ainda mais tentado.

Só que agora a situação tinha ficado estranha. E não era como antes, quando a gente brigava e se implicava por besteira. Era outra coisa. Algo mais perigoso.

Thaila me encarava como se eu tivesse perdido a cabeça. Sinceramente? Talvez tivesse mesmo. Eu sabia que tava cutucando a fera, mas quanto mais ela reagia, mais eu queria ver até onde ela ia.

— Você é um idiota, Richard! — ela rosnou, o rosto dela ficando vermelho, e eu só consegui rir. Uma risada despreocupada, como se a situação não fosse nada demais.

— Idiota? — falei, me aproximando de novo, o sorriso safado ainda no meu rosto. — Por que, Thaila? Porque eu quero te beijar? Não foi você que falou que quem dá língua pede beijo? Só tô tentando ser educado, poxa.

Ela revirou os olhos, bufando de raiva, e eu podia ver o nervosismo começando a tomar conta. Mas ela tava linda. E, droga, a ideia de levar isso ainda mais longe tava me deixando com um fogo desgraçado.

— Ah, qual é, Thaila... — murmurei, inclinando a cabeça e olhando descaradamente pro decote dela de novo. Ela cruzou os braços na frente do peito, me fuzilando com o olhar, mas isso só fez meu sorriso aumentar. — Não faz essa cara. Eu sei que você ainda lembra de como a gente se divertia... Você não acha que uma noite na minha cama ia ser tão ruim assim, acha?

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora