Cauê

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Thaila Garcia
Madrid

Meu corpo suava, minha cabeça doía por conta da pressão que fazia de força. Minhas pernas tremiam, e minha barriga parecia que iria explodir. Apertava a mão do meu noivo com força, gritando de dor. A gente brincava sobre o nascimento do Cauê e agora percebia que isso não era um teste... meu filho iria nascer. Eu gritava pela minha mãe, precisava de Fernanda ali comigo, mas onde ela estava? Dentro de um avião vindo pra cá... digamos que o parto foi uma surpresa para todos. A água da banheira já estava na temperatura ambiente, e nesse momento eu me perguntava se tinha sido uma boa ideia optar por um parto natural.

— AHHHH, não dá mais! — eu falava entre lágrimas — eu não consigo mais fazer força.

A médica brasileira, que por sorte estava ali na Europa, se aproximou com um sorriso calmo, tentando me passar tranquilidade. Junto dela, a doula pedia para que eu tivesse calma.

— Thaila, você está indo muito bem — disse a doula, com uma voz suave e encorajadora. — Lembre-se de respirar fundo. Cada contração está mais perto do momento que você esperou tanto!

Richard parecia mais desesperado do que eu. Seus olhos estavam arregalados e, embora estivesse fazendo o melhor para me acalmar, eu via a preocupação em seu rosto. Ele segurava minha mão, apertando-a de volta, mas era óbvio que ele também estava se segurando para não entrar em pânico.

— Amor, você consegue! — ele disse, com uma voz trêmula, mas firme. — Estou aqui com você, você não está sozinha. Vamos passar por isso juntos.

Olhei para ele e vi o amor e a ansiedade misturados em seu olhar. Aquela visão me deu um pouco de força, mas a dor era intensa. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me concentrar. Enquanto a médica e a doula falavam, eu sentia que precisava de um pouco mais de apoio emocional.

— Richard, eu... eu quero a minha mãe! — eu gritei, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Eu sei, meu amor, eu sei. Mas estamos juntos nisso, e vamos trazer o Cauê ao mundo. — Ele passou os dedos em meu cabelo, tentando me confortar. — Pense apenas nele.

Enquanto tentava focar, a médica me encorajou:

— Thaila, você está fazendo um trabalho incrível. Pense no Cauê. Cada grito e cada empurrão o trazem mais perto de nós. Você consegue!

A dor continuava, mas a ideia de ter meu filho em meus braços logo me deu um pouco de motivação. Eu olhei para Richard, que estava ali, e consegui sorrir através da dor. Eu sabia que ele estaria ao meu lado em cada momento. E, no fundo, eu sabia que essa era apenas a primeira de muitas batalhas que enfrentaríamos juntos como pais.

Enquanto as ondas de dor continuavam a me assolar, eu e Richard começamos a conversar com a barriga, como se Cauê pudesse ouvir nossas vozes.

— Aguenta mais um pouquinho, filho! — Richard disse, com a voz suave, tentando acalmá-lo. — Sua mamãe está quase conhecendo você.

Eu sorri entre as lágrimas, mesmo chorando.

— É isso, meu amor! — eu disse, acariciando minha barriga. — Só mais um pouquinho, Cauê. Sua mamãe e seu papai estão aqui, prontos para te receber.

A dor me fez contorcer novamente, e eu fechei os olhos, tentando me concentrar. O pensamento de ter meu filho em meus braços me deu forças, mas a ansiedade de saber que ainda não estava pronto para nascer me deixava desesperada.

De repente, a porta se abriu e eu me assustei ao ver Fernanda e Fábio entrando na sala, agitados. Fernanda estava ofegante e com os olhos arregalados.

— Thaila! Eu não acredito que consegui chegar! — ela gritou, quase chorando. — Atravessamos Madrid inteira para não perder isso!

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora