Agressiva, hein?

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Thaila Garcia
São Paulo

Ajudar um homem de quase 1,87 com muletas a subir do estacionamento até o apartamento não foi nada fácil. E ele parecia uma criança de 10 anos, me infernizando a cada passo. Quando finalmente fechei a porta, soltei o ar que estava prendendo e dei uma boa olhada nele, jogado no próprio sofá e encarando o joelho com aquela cara de preocupado. Suspirei — talvez ele estivesse realmente incomodado com a lesão, no fim das contas.

Ele ergueu o rosto pra mim, com aquele sorriso meio debochado.

— Acho que preciso de um banho, né? Ainda tô com a roupa do jogo e tudo.

A minha expressão devia ter deixado clara a surpresa (ou horror) na ideia de dar banho nele, porque ele soltou uma risada, aproveitando a oportunidade pra me provocar mais um pouco.

— O quê? Não se oferece, não? — ele continuou com aquela cara.

Revirei os olhos e ameacei:

— Continua falando besteira, que eu vou logo é chutar sua muleta. Aí quero ver você ir pra qualquer lugar.

Ele segurou a risada e fingiu um ar de indignação, mas já emendou outra piadinha:

— Agressiva, hein? Quem diria...

Já no banheiro, ele começou a tirar a camisa com certa dificuldade, e, sem perceber, meu olhar desceu por cada tatuagem que ele tinha. Me veio um leve déjà vu daquela noite... Bom, vocês sabem.

Richard me olhou com um sorriso cínico.

— Vai me ajudar com o short ou vai ficar me encarando?

Revirei os olhos, tentando não dar importância, e me aproximei para ajudá-lo. Ele se apoiou em mim para manter o equilíbrio e, depois de mais uma piadinha sobre estar "tão vulnerável", conseguiu entrar no box com minha ajuda.

Agradeci mentalmente por estar de top por baixo da camisa do Palmeiras que Maurício tinha me dado, e tirei os tênis. Respirei fundo e entrei no box também, tentando me esquivar da água, só para dar o apoio que ele precisava.

Richard se ajeitou e olhou pra mim com aquele olhar de quem não vai perder a chance de provocar.

— Então, tá se voluntariando pra esse serviço completo, né?

— Sonha, Richard — respondi, me esforçando para parecer indiferente, mas já sentindo o nervosismo subir.

Passei o sabão nas mãos, tentando me concentrar, mas, ao deslizar por suas costas, senti o corpo dele arrepiar. O toque, para minha surpresa, também me causou um arrepio. Tentei ignorar e continuar, afinal, era só uma ajuda prática.

Minhas mãos foram deslizando, de leve, sobre cada tatuagem nas costas dele. Parecia diferente agora... Não era só a pele, era o calor, a proximidade, a respiração calma dele enquanto eu fazia meu trabalho. Meus dedos pararam por um segundo num desenho perto da nuca, e Richard soltou um riso leve.

— Tá gostando do serviço, hein?

Revirei os olhos e dei um leve empurrão.

— Cala a boca, Richard.

Saímos do banheiro, eu ainda meio molhada. Resolvi que me virava com isso depois, ele estava precisando de atenção no momento. Richard soltou um murmúrio de dor, segurando o joelho, e minha preocupação voltou. Ajudei-o a se vestir rapidamente, e ele foi direto para a cama, afundando naquela cama enorme.

A lembrança do Joaquín apareceu na minha mente — ele tinha dito que seria bom massagear o joelho e a coxa dele, pelo menos nessa noite. Suspirei, reunindo a paciência, e me sentei na beira da cama. Ele deu uma risada, mas percebi que a expressão dele não era só de deboche; parecia... nervoso? Ele, nervoso?

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora