Você perdeu esse direito.

2.1K 147 123
                                    

Thaila Garcia
São Paulo

Depois de muita insistência de Ísis ao longo da semana, acabei cedendo e vim passar o fim de semana em Maresias com ela, Maurício, Murilo e Milena. Thay e Joaquin preferiram aproveitar a folga em Campos do Jordão. Eu confesso que minha primeira reação foi recusar, mas percebi que precisava mesmo relaxar. Ou talvez Ísis só fosse boa demais em me convencer. De qualquer forma, eu me sentia bem melhor agora. Como dizem, são fases. O único incômodo eram as mensagens e textos que recebi de Richard todos os dias. Ele realmente não estava brincando quando disse que iria mandar.

Agora, enquanto desfazia minha mala no quarto da casa do Murilo, aqui em Maresias, Ísis já trocava de roupa, colocando um biquíni animada.

Olhei para o celular, mais uma mensagem de Richard. Suspirei. Não abri, mas senti aquele aperto familiar no peito ao ver o pequeno textinho na tela. Ignorei e desliguei o celular, não queria pensar nele agora. Preciso seguir com minha vida.

— Vamos, garota! Esse final de semana vai ser incrível! — Ísis disse, toda empolgada, enquanto ajustava o biquíni em frente ao espelho.

Virei-me, pegando meu próprio biquíni, tentando focar no momento. Talvez realmente fosse bom me distrair, respirar um pouco. Enquanto me vestia, Ísis continuava falando sobre os planos do fim de semana, animada com a ideia de aproveitar a praia, o sol, e claro, o tempo com os meninos. Ela parecia acreditar que isso me ajudaria a esquecer de vez todo o caos recente.

Eu forcei um sorriso no espelho, me perguntando se, em algum momento, esse aperto no peito realmente iria sumir.

Descemos as escadas com o som animado de Ísis ainda ecoando sobre o fim de semana. Eu sorri de leve, tentando entrar no clima. Quando chegamos à área externa, onde a galera já começava a se organizar, vi Maurício lutando um pouco para montar os espetinhos de frutas na bancada.

— Precisa de ajuda aí? — perguntei, me aproximando.

— Preciso, sim, se você puder salvar essa situação aqui! — Ele riu, mostrando o caos que tinha feito com as frutas. Não pude evitar uma risada também. Maurício sempre tinha um jeito leve e descontraído de lidar com tudo, o que me fez relaxar um pouco mais.

Comecei a ajudá-lo, pegando as frutas e organizando os espetinhos de uma forma mais prática. Enquanto trabalhava, ele, claro, não perdeu a chance de fazer uma piadinha.

— Uau, você tem um talento oculto para isso. Vai me dizer que também faz esculturas com frutas? — brincou.

Sorri, balançando a cabeça.

— Não chego a tanto, mas aprendi isso quando era bem pequena, com a tia Sandra... — Dei uma pausa ao perceber o que disse, um pensamento rápido sobre como isso conectava a uma pessoa com quem eu não falava. — Enfim, ela sempre me colocava para ajudar nas festas de família.

Ele arqueou uma sobrancelha, curioso.

— E como era sua infância? Aposto que você aprontava muito.

Comecei a contar, me deixando levar pelas lembranças. Falei sobre as brincadeiras na casa da tia Sandra, as tardes ensolaradas na Colômbia, as risadas com os primos, e até algumas histórias engraçadas de quando eu e os vizinhos fazíamos "gincanas" na rua.

À medida que falava, percebi que estava realmente rindo de verdade. Meus olhos brilhavam ao relembrar a simplicidade daqueles dias. Maurício ouvia com atenção, rindo junto comigo em vários momentos.

— Nossa, eu nunca imaginaria que você era assim tão travessa. — Ele riu. — Isso explica por que você é tão prática com esses espetinhos.

Sorri, ajeitando mais um espetinho e colocando na bandeja.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora