Ainda somos bons nisso

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Thaila Garcia
São Paulo

A festa estava rolando e eu e Richard acabamos ficando meio distantes, tanto por causa da minha mãe quanto por causa de todo o pessoal. Era complicado ficar perto dele com tantas olhares em cima. Eu tentava manter a cabeça tranquila, afinal de contas, essa coisa de "amizade colorida" já estava me confundindo um pouco.

Estava me servindo de uma bebida quando Maurício apareceu, com aquele sorriso fácil dele.

— Vamos dançar, Thaila? — ele perguntou, me puxando pela mão.

Hesitei por um segundo, mas logo pensei: o que tem de errado nisso? Maurício sempre foi um amigo, e além disso, estávamos numa festa.

— Por que não, né? — sorri e deixei ele me levar para a pista.

Só que, enquanto a música aumentava e eu tentava me soltar, senti um peso. Não eram os olhos das outras pessoas que me incomodavam, mas sim a sensação de que alguém estava observando cada movimento meu com uma intensidade estranha. Quando olhei de canto de olho, lá estava ele, Richard, com uma expressão nada amigável, claramente não gostando nada do que via.

"Mas que diabos... Qual é o problema agora?" pensei, sentindo meu corpo ficando tenso enquanto Maurício me girava na pista.

Eu percebi o olhar de Richard. Não era só irritação, era um recado claro. Respirei fundo e fiz o que qualquer pessoa em uma situação assim faria: saí da pista e fui direto para o banheiro do salão. Se ele queria falar comigo, que viesse até lá.

Me encostei na parede do lado da pia, braços cruzados, esperando. Não demorou muito até Richard entrar com a mesma expressão fechada de antes.

— Qual é o seu problema? — perguntei, mas já sabia a resposta.

Ele mal esperou eu terminar de falar antes de começar.

— O Maurício, Thaila. Aquele cara não presta.

Eu arqueei uma sobrancelha, provocando, mesmo sabendo que isso só iria piorar.

— E desde quando você se importa tanto? Ele é só um amigo...

Vi os olhos dele estreitarem e, por um segundo, pensei que ele fosse explodir ali mesmo. Claro, não era de joguinhos. Nunca fui, e ele sabia disso. Mas parte de mim queria entender o que estava passando pela cabeça dele. O ciúme escancarado e ridículo.

— Não faz isso, Montoya... — comecei a baixar a guarda quando percebi que ele realmente estava irritado. — Maurício não tem nada a ver com isso. Não precisa ficar desse jeito.

Mas o olhar dele dizia tudo. Ele não gostava de me ver com outro, nem como "amigo".

— Ele já deu em cima de você? — Richard perguntou, direto, ainda com aquela expressão dura.

— Claro que não! — respondi, rápido. Não queria ver ele nervoso daquele jeito. Desde pequeno, Richard explodia quando ficava assim, e eu sabia bem como isso podia acabar.

Eu dei um passo para frente, tentando acalmá-lo, rezando para que ninguém entrasse naquele banheiro naquele momento. Ele passou as mãos pelos cabelos, ainda visivelmente irritado, e eu só conseguia pensar em como tirar aquela tensão do ar.

— Calma, Richard... não tem nada demais, eu juro.

— Me dá um beijo. — Ele me interrompeu de repente, ainda me olhando com aquela intensidade.

Fiquei meio sem reação, desviando o olhar por um segundo. Com tanta gente lá fora, incluindo minha mãe, Fábio... E o pessoal que nem sabia o que estava rolando entre a gente.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora