É perfeito, né?

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Thaila Garcia
Colômbia

Dois dias se passaram desde aquela derrota contra a Colômbia. Naquele mesmo dia, Richard tentou conversar com a família, mas eu achei melhor segurar a verdade por enquanto. Vai que eles achassem que minha mãe estava manipulando o filho deles? Melhor não arriscar.

Falando nela, hoje era o dia em que Fernanda embarcaria de volta ao Brasil com Fábio. Eu tinha decidido ficar, porque Richard praticamente implorou para que eu ficasse mais uns dias com ele. Ele só precisava voltar pro Brasil daqui a uma semana, então fazia sentido.

Fernanda, claro, já tava no modo "mãe dramática" desde cedo.

— Thaila, tenha juízo, tá ouvindo? Eu não tô aqui pra vigiar você, então trate de se comportar direitinho, viu? — ela falava, ajeitando a mala dela, enquanto me lançava um olhar de quem sabe que eu não ia seguir metade das ordens.

Eu ria, já acostumada com o jeito dela. Antes que eu pudesse responder, Richard, que tava do meu lado, não perdeu a chance de provocar.

— Não se preocupe, dona Fernanda. Eu vou cuidar muito bem da sua filha. — Ele sorriu, todo convencido, e eu quase revirei os olhos.

Minha mãe, que sempre tinha uma resposta afiada, colocou as mãos na cintura e retrucou:

— Cuidar bem? Hm... quero só ver. — Ela olhou pra mim de novo. — E não deixe ele te enrolar, viu, Thaila?

Eu não aguentava mais e comecei a rir.

— Pode deixar, mãe. Prometo que vou me comportar... mais ou menos.

Fábio, que já estava perto da porta do aeroporto, olhou pra gente e balançou a cabeça, rindo também.

— Vai tranquila, Fernanda. A menina sabe se cuidar, e eu tenho certeza que ela vai aproveitar esses dias. Só... juízo, Thaila. E divirta-se também.

Dei um sorriso pra ele, agradecendo o voto de confiança, enquanto minha mãe resmungava alguma coisa sobre "não confiar muito".

— Tá bom, mãe. Prometo que vou sobreviver. — brinquei, enquanto ela finalmente se despedia de mim.

Eu sabia que Richard ia fazer questão de deixar esses dias inesquecíveis. Só esperava não enlouquecer com ele nesse tempo.

Estávamos no carro, e Richard parecia mais animado do que nos últimos dias. Ele dirigia com um sorriso no rosto, o que já era um bom sinal depois da derrota. Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele começou a falar.

— Então... hoje à noite, meus pais vão fazer uma festinha lá em casa pra comemorar os jogos que eu fiz na seleção — ele comentou, olhando pra frente, mas com um tom empolgado.

Eu sorri, tentando passar toda a energia positiva que ele merecia.

— Isso é ótimo, Richard! Vai ser bom pra você relaxar um pouco, ficar com a sua família, comemorar. Eles devem estar muito orgulhosos de você, mesmo que o resultado não tenha sido o que queria — falei, tentando animá-lo ainda mais.

Ele assentiu, mas notei que ficou meio tenso. Algo a mais estava vindo. Conhecia bem esse jeito dele de ficar pensando em como dizer algo sem causar alarde. Então, com um tom mais cuidadoso, ele continuou.

— É, vai ser bom... Mas... Tem uma coisa que eu preciso te contar — ele disse, e eu percebi o nervosismo na voz.

Franzi a testa, curiosa.

— O que foi?

Ele respirou fundo, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— Meus pais... Bom, eles convidaram o Jorge pra essa festinha também. Sabe, ele ainda é muito amigo da minha família... — Ele falou aquilo com cautela, olhando pra mim de relance, esperando minha reação.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora