Thaila Garcia
São PauloConciliar a faculdade com a vida de modelo não estava sendo nada fácil, mas eu finalmente estava fazendo o que me fazia bem, sabe? O problema era conseguir administrar tudo isso sem pirar. Levei uns 30 minutos só pra estacionar aquele carro enorme do Richard na faculdade, e agora estava aqui de novo, gastando mais alguns minutos para estacionar na frente do prédio. Mas nada comparado à verdadeira missão: avisar dona Fernanda que eu não ia dormir em casa de novo.
Entrei na cobertura e logo vi minha mãe e Fábio organizando uns convites na mesa.
— O que é isso? — perguntei, já desconfiada do que podia estar por vir.
Fábio, animado, nem me deixou respirar:
— Vamos fazer uma festa pra comemorar os primeiros meses do casamento! — Ele sorriu todo bobo, e eu só consegui rir.
— Isso é a cara de vocês — comentei, sabendo bem que era coisa da minha mãe.
Mas, claro, Fernanda não tinha esquecido da ligação de mais cedo.
— E aí, enfermeira, tem plantão hoje? — Ela soltou com aquele tom debochado, e eu soube que a conversa ia tomar um rumo complicado.
Respirei fundo e, aproveitando a deixa, mandei logo a real:
— Vou dormir lá de novo hoje — falei, tentando soar casual.
Fernanda arregalou os olhos, enquanto Fábio ria ao meu lado.
— Como tá o meu jogador? — ele perguntou, sempre com aquela curiosidade de empresário, meio que ignorando o choque de Fernanda.
— Ele tá bem, vai começar a fisioterapia no CT — respondi, tentando mudar o foco da conversa.
Mas minha mãe, claro, não ia deixar barato.
— Você é uma trouxa, Thaila! — Fernanda resmungou, mas eu já estava saindo da sala, rindo, enquanto subia para o meu quarto e pegava uma bolsa maior.
Comecei a arrumar as coisas, pegando umas roupas mais confortáveis pra passar a noite. Coloquei uns livros da faculdade na bolsa também, já que tinha trabalhos acumulados, e tentei me distrair com a ideia de que aquilo era temporário. Só mais uma noite. Nada demais, né?
Mas então, como eu já esperava, minha mãe entrou no quarto. Fernanda com aquele jeito dela, cruzando os braços, e me olhando como se eu fosse uma adolescente rebelde. Suspirei, já sabendo que ela ia soltar alguma coisa.
— Você vai mesmo fazer isso, Thaila? — Ela perguntou, me encarando.
Eu tentei manter a calma, porque sabia que ela só estava preocupada.
— Mãe, não é nada disso — comecei, virando pra ela. — Eu não vou voltar a ficar com o Richard. Isso é só porque ele tá sem rede de apoio e de muletas ainda.
— Então chuta as muletas dele — ela retrucou sem nem piscar, me pegando completamente de surpresa.
Eu comecei a rir, tipo, rir de verdade, porque só minha mãe pra soltar uma dessas.
— Mãe! — falei, ainda rindo.
— Não tô brincando! — Ela insistiu, mas o tom sério dela só me fazia rir mais.
Eu me sentei na cama, tentando me recompor, enquanto ela balançava a cabeça, fingindo impaciência, mas eu sabia que no fundo ela só queria me proteger.
Minha mãe suspirou, balançando a cabeça enquanto me olhava de cima a baixo.
— Tá bom, Thaila, só toma cuidado, viu? Não vou me meter mais nisso, já tô ficando com rugas de tanto me preocupar com você. — Ela deu de ombros, mas antes de sair, parou na porta e lançou: — Aliás, o que você acha de eu fazer mais um pouco de botox?
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Entre nós- RICHARD RIOS
Fiksi PenggemarQuando seus caminhos se cruzaram novamente, a cidade grande e suas complexidades apenas acentuavam as tensões e as mudanças que ambos carregavam.