Pode confiar

2K 137 215
                                    

Thaila Garcia
São Paulo

Chegamos no restaurante, e Richard tinha conseguido uma mesa numa área mais reservada. Claro que ele ia escolher um lugar assim, mais discreto, longe dos olhares curiosos. Mas eu tava tão animada que nem liguei. Pra mim, era incrível poder estar com ele assim, fazendo algo diferente do que a gente costumava fazer.

Assim que nos sentamos, a decoração intimista me deixou ainda mais empolgada. O ambiente era perfeito, com luzes suaves e uma música tranquila tocando de fundo. Quando o garçom trouxe os menus, Richard parecia um pouco desconfortável, mas eu continuei falando do que tava me animando ultimamente.

— Semana que vem eu vou fazer umas fotos legais! — comecei, sorrindo enquanto olhava pra ele, que mexia no cardápio com uma expressão meio distraída. — E também vou com a Fernanda conhecer algumas faculdades de arquitetura aqui em São Paulo. Tô bem animada com isso!

Richard ergueu os olhos do cardápio, me encarando por um segundo. Parecia que ele tava tentando processar tudo, ainda um pouco fora de sintonia com o clima, mas tentou mostrar interesse.

— Legal... — disse, meio sem jeito. — Arquitetura, né? Tá mesmo a fim disso, então?

Eu assenti, ainda sorrindo, esperando ele se soltar um pouco mais. Sabia que esse tipo de programa não era a praia dele, mas eu queria acreditar que ele podia gostar dessas coisas comigo, que talvez ele estivesse disposto a sair um pouco da zona de conforto.

— Sim! Acredita que a Fernanda até me apoiou? — falei, tentando quebrar o gelo. — Ela tá mais tranquila com isso do que eu imaginava.

Richard soltou um pequeno riso, ainda desconcertado, mas claramente tentando se manter presente. Eu podia sentir que ele tava se esforçando, mesmo que não fosse algo que ele fizesse com frequência.

— Fernanda, tranquila? Essa eu quero ver. — Ele deu uma risada meio debochada, mas pelo menos tava engajando um pouco mais na conversa.

Eu tava tentando engajar Richard na conversa, então resolvi perguntar sobre algo que sabia que ia tirar aquele jeito desconfortável dele.

— E os treinos? Como tá o clima lá depois da briga com o Maurício no CT? — perguntei, já esperando algum comentário marrento.

Ele soltou um suspiro e se inclinou pra trás na cadeira, cruzando os braços com aquele jeito meio arrogante de sempre.

— Ah, tá uma merda, né? Todo mundo agora fica de conversinha, achando que tem que se meter. Uns querendo bancar os moralistas, outros fingindo que não sabem de nada. Mas tá suave, tô nem aí pra eles. O Maurício que foi otário de se meter onde não foi chamado.

Eu ri do jeito como ele falava, todo cheio de gírias e com aquele tom meio revoltado, e ele me olhou com a sobrancelha arqueada.

— Tá rindo do quê, hein? — perguntou, sem entender a minha reação.

Isso só me fez rir mais ainda, e ele revirou os olhos, impaciente, mas claramente divertido também.

— Eu não sei! — falei, rindo. — É só engraçado o jeito que você fala, todo marrento.

Richard soltou uma risadinha, balançando a cabeça enquanto me olhava, provavelmente achando que eu tava tirando sarro.

— Você é maluca, Thaila, só pode... — ele disse, mas no fundo eu sabia que ele gostava de me ver rindo assim.

Enquanto a gente conversava, o garçom veio trazer nossas bebidas e, do nada, começou a puxar papo comigo de um jeito meio... estranho. Ele elogiou meu sorriso de um jeito que me fez ficar desconfortável.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora