Que vídeo?

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Thaila Garcia
Colômbia

Estava nervosa, confesso. Hoje teria a missão de rever a família de Richard... a minha antiga família também, a Thaila. E por que esse nervosismo? Talvez fosse o medo de ele contar para todo mundo que agora somos mais que melhores amigos, ou de ainda terem raiva de mim e da minha mãe. Sei lá, tudo isso era muito novo para mim.

No carro, fiquei em silêncio, tentando organizar meus pensamentos. Fábio dirigia ao meu lado, e apesar de estar ali porque era empresário de Richard, ele sempre foi um bom conselheiro, alguém que, de certa forma, cuidava de mim. Do nada, ele quebrou o silêncio, me surpreendendo:

— Você viu o vídeo do Richard que está rolando na internet desde ontem?

Franzi o cenho, confusa.

— Que vídeo? Não vi nada.

Ele deu uma risada rápida, como se estivesse se divertindo com a minha falta de informação, e pegou o celular dele. Um segundo depois, ele me mostrou o vídeo, e lá estava Richard, sorrindo, falando em uma entrevista em espanhol. E o que ele dizia? Que curtia as colombianas e que estava "enrolado". Meu coração deu um salto. Era óbvio que ele estava se referindo a nós dois.

Fiquei estática, meus pensamentos a mil. Richard realmente não tinha filtro. O que será que iam pensar? Como ia ser quando nos encontrássemos com a família dele depois de verem isso?

— Ele realmente disse isso? — perguntei, incrédula, sem saber se ria ou se ficava mais nervosa ainda.

Fábio apenas assentiu, dando de ombros, como se já esperasse algo assim de Richard.

— É, ele nunca foi muito discreto, né?

Soltei um suspiro, pensando em como seria o encontro com a família dele depois dessa.

Quando chegamos ao hotel onde a seleção estava hospedada, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de torcedores na frente, segurando bandeiras e cantando o hino da Colômbia. Era uma cena tão intensa e patriótica que eu me senti ainda mais nervosa. Conseguir entrar foi uma verdadeira luta, mas finalmente, após um tempo, Fábio e eu conseguimos passar pela segurança.

Fábio me guiou pelos corredores até onde os jogadores estavam reunidos. Meu coração batia rápido, não sabia exatamente o que esperar. Quando entramos na área reservada, fui pega completamente de surpresa. Lá estavam todos: a mãe de Richard, o pai, os irmãos... até Juvena, a prima dele, que eu conhecia tão bem. A última vez que vi todo mundo foi antes de todo o caos que aconteceu com as nossas famílias.

E então, no meio de todos eles, estava Richard. Assim que ele me viu, seu rosto se iluminou com um sorriso, e antes que eu pudesse reagir, ele já estava vindo em minha direção. Senti um frio na barriga. Sem se importar com quem estava por perto, ele me abraçou forte e começou a distribuir beijos por todo o meu rosto.

— Richard, modos! — falei, tentando me desvencilhar, morrendo de vergonha com todos os olhares sobre nós.

Ele riu, ainda me segurando firme, e eu me sentia como se estivesse de volta à nossa infância, quando ele sempre me fazia passar vergonha na frente dos outros.

— Qué modos, mi amor? — ele respondeu, brincando, o sorriso de sempre estampado no rosto.

Meu rosto queimava de vergonha, mas por dentro, uma parte de mim estava feliz por estar ali, com ele, mesmo que ele fosse tão... Richard.

— Richard, você é impossível! — comecei, cruzando os braços, enquanto ele ainda me segurava pelo pulso, tentando me arrastar para perto da família dele. — O que foi aquele vídeo, hein? Praticamente entregou tudo sobre a gente! Como você consegue ser tão sem filtro?

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora