O que eu fiz?

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Thaila Garcia
São Paulo

Richard estava estranho essa semana. Eu não sabia exatamente explicar o porquê, mas eu conseguia sentir. Ele sempre teve aqueles sumiços de vez em quando, mas agora estavam ficando mais frequentes, sabe? Eu encarava meu celular, esperando alguma mensagem dele. Hoje tínhamos combinado de ele vir aqui em casa, mas ainda era cedo, por volta das 19h. Ísis estava aqui, conversando com a minha mãe sobre roupas e outras coisas do tipo.

— Tá tudo bem, Thaila? — Ísis perguntou de repente, percebendo que eu estava meio aérea.

— Sim, tudo tranquilo — menti, forçando um sorriso, enquanto olhava pro celular mais uma vez. Eu tentava disfarçar, mas era difícil esconder a ansiedade. Richard nunca demorava tanto assim pra responder. Pra desviar o foco, tentei entrar na conversa da minha mãe com Ísis, comentando algo sobre as novas coleções de verão que elas estavam debatendo.

— Mãe, aquela loja lá do shopping já lançou a coleção nova? — perguntei, tentando parecer mais envolvida na conversa do que realmente estava.

Minha mãe sorriu, animada com o assunto.

— Sim! Estive lá ontem, e as peças estão lindas. Você precisa ver as cores, Thaila, acho que vão combinar muito com você.

Eu assenti, fingindo interesse, enquanto Ísis continuava observando atentamente. Ela era minha melhor amiga, então eu sabia que ela tinha percebido que alguma coisa estava errada. O problema é que nem eu sabia exatamente o que era.

Depois de um tempo, Ísis começou a se levantar para ir embora. Ela me olhou uma última vez, com aquele olhar de quem sabe que algo está estranho, mas não quer pressionar.

— Tem certeza que tá tudo bem? — ela perguntou, meio hesitante. Eu sabia que ela já tinha um pé atrás com Richard, então menti novamente.

— Tá sim, Ísis. Só tô cansada, sabe como é.

Ela sorriu de leve, mas eu sabia que não tinha convencido completamente.

— Ok, se precisar de qualquer coisa, me chama, tá?

— Pode deixar — eu disse, a acompanhando até a porta. Assim que ela saiu, o silêncio da casa me engoliu. Fernanda já estava dormindo e Fábio tinha viajado essa semana, então a casa estava praticamente vazia.

Voltei pro meu quarto e me joguei na cama, frustrada. O relógio já marcava quase 22h e nada de Richard. Mais um bolo, pensei, encarando o teto. Eu me sentia meio boba por ficar esperando tanto, mas ao mesmo tempo não conseguia evitar. Fechei os olhos, tentando tirar isso da cabeça, quando senti meu celular vibrar ao lado.

Era ele.

"Tô aqui embaixo."

Senti um frio na barriga e sorri animada. Pulei da cama, rapidamente liberando a entrada pra ele. Nem esperei muito pra me arrumar, só joguei uma blusa qualquer e fui até a porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível pra não acordar minha mãe. Esperei ele na porta, o coração batendo mais rápido do que eu queria admitir.

Assim que abri a porta, Richard nem me deu tempo de respirar. Ele me puxou com força, os lábios dele encontrando os meus de um jeito urgente, como se ele quisesse me fazer esquecer que tinha sumido. E, por um momento, até conseguiu. Senti meu corpo todo responder ao toque dele, e quando percebi, já estava contra a parede, sem conseguir dizer uma palavra.

Quando ele finalmente se afastou um pouco, respirando fundo, aproveitei para perguntar o que estava na minha cabeça a noite toda.

— Por que você sumiu? — tentei não parecer tão chateada, mas o nó na garganta entregava.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora