Tô aqui embaixo.

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Thaila Garcia
São Paulo

Cheguei em casa do almoço com minha mãe e vi a mensagem de Richard. Meu coração disparou na hora. Suspenso? Briga com o Maurício? Que porra tinha acontecido? Tentei ligar pra ele, mas ele não atendeu de primeira. Já comecei a ficar mais ansiosa ainda. Respirei fundo, tentando me acalmar, e liguei de novo.

Dessa vez, ele atendeu.

— Como assim expulso? — perguntei de cara, sem conseguir esconder a preocupação.

A voz dele veio do outro lado da linha, claramente irritada.

— Briguei com o Maurício, tá legal? Ele tava falando merda, eu perdi a paciência, e no meio da discussão... eu acabei falando do nosso passado. Agora todo mundo sabe.

Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando entender o que ele tava querendo dizer com isso. Ele tava tão incomodado com o fato de todo mundo saber, mas... e daí? O que tinha de tão grave? Eu não ligava.

— E daí, Richard? O que tem as pessoas saberem? — tentei acalmar ele, mantendo a voz tranquila.

Mas ele parecia muito mais agitado do que eu esperava.

— E daí? — Ele explodiu. — Eu não queria que ninguém soubesse, Thaila! Agora todo mundo vai ficar de olho, comentando... eu não queria que fosse assim.

Suspirei, tentando pensar numa forma de acalmá-lo.

— Tá, calma. Fala com o Maurício, resolve isso de boa...

— Eu pedir desculpa? Jamais! — Ele gritou do outro lado da linha, me fazendo afastar o telefone do ouvido por um segundo. — Eu não vou falar com aquele cara.

Eu sabia que ele tava nervoso demais pra ouvir razão agora, então só fiquei em silêncio, deixando ele desabafar. E aí veio o pedido.

— Dá pra eu ir na sua casa mais tarde? Como a gente sempre faz... escondido da sua mãe. — A voz dele ficou mais baixa, quase implorando. — Por favor, Thaila. Eu preciso de você hoje.

Eu sabia que era arriscado, minha mãe tava sempre por perto, mas... a forma como ele falou mexeu comigo. Suspirei de novo, sabendo que no fundo eu não ia conseguir dizer não.

— Tá bom, mas toma cuidado, tá? Não quero confusão com a minha mãe... — Concordei, apesar de saber que tava sendo imprudente.

— Obrigado... Eu preciso de você. — Ele respondeu, a voz um pouco mais calma agora, e eu senti um peso no meu peito.

Já estava quase dando 22:00, e eu começava a suar frio. Fernanda e Fábio ainda estavam na sala, rindo e conversando como se tivessem todo o tempo do mundo. Enquanto isso, meu celular vibrou, e a mensagem que eu temia chegou:

"Tô aqui embaixo."

Eu precisava tirá-los dali de qualquer jeito.

— Mãe, você não vai dormir? — Tentei disfarçar o nervosismo, mas meu tom saiu meio desesperado.

Fernanda me olhou de canto, sem entender, e deu de ombros.

— Tô pensando em assistir mais um filme... O que você acha, Fábio?

Meu coração quase parou. Mais um filme? Se eles ficassem ali mais uma hora, Richard ia acabar desistindo, ou pior, ser visto. Antes que eu pudesse entrar em pânico, como se ele lesse minha mente, Fábio veio em meu socorro.

— Ah, amor, vamos pro quarto. Amanhã é dia de trabalho, você merece descansar. — Ele falou com aquele tom suave, convincente, que só ele tinha.

Eu quase suspirei de alívio quando vi Fernanda concordar. Eles se levantaram e foram para o quarto, e quando ouvi a porta deles fechar, não perdi tempo. Corri até o interfone, liberando a entrada de Richard, e em menos de cinco minutos ele estava batendo à porta.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora