Sogrinha

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Thaila Garcia
São Paulo

Eu me encarava no espelho, ajeitando a alça do vestido pela milésima vez. O frio na barriga estava insuportável, como sempre antes de entrar na passarela. O nervosismo me fazia questionar se eu ia dar conta, se estava mesmo pronta pra aquilo tudo. Suspirei, tentando respirar fundo, quando ouvi batidas na porta.

"Deve ser a Ísis", pensei, então nem me preocupei muito.

— Entra! — falei sem tirar os olhos do espelho, ainda ajustando os detalhes.

Mas quando a porta se abriu, meu coração quase parou. Não era a Ísis.

— E aí, morena... — Richard entrou com um buquê enorme de flores, aquele sorriso safado estampado nos lábios. — Cheguei pra dar sorte. Ou sei lá... roubar a cena.

Eu arregalei os olhos, surpresa. Ele só podia estar brincando! Tentei não rir, mas foi impossível.

— Richard?! O que você tá fazendo aqui? — perguntei, ainda atônita, mas já sentindo um sorriso se formando.

— Vim ver de perto esse seu show, né? Alguém tem que garantir que você vai arrasar. — Ele piscou, vindo mais perto e me entregando o buquê. — Achei que essas flores combinam com você... Lindas e difíceis de resistir.

Eu ri, tentando não deixar ele perceber o quanto aquilo tinha me desarmado. Mas claro, ele já sabia. Estava ali, todo confiante, me observando enquanto eu tentava não perder a compostura.

— Você é impossível... — falei, cheirando as flores e tentando disfarçar o nervosismo que ele, de algum jeito, tinha amenizado só com a presença.

— E você tá nervosa por quê, hein? Isso aqui é fichinha pra você. — Ele se aproximou mais, os olhos cravados em mim, como se nada mais importasse. — Vai lá e mostra pra eles por que eu tô aqui hoje... Te vendo de perto.

Ele sempre sabia o que dizer pra me tirar do meu eixo e, ao mesmo tempo, me acalmar.

Antes que eu pudesse responder ou pensar em alguma piada à altura, a porta se abriu de novo, só que dessa vez com bem mais pressa.

— Ah, não, Richard! Fora do camarim, você não devia nem estar aqui! — Era a Carla, mãe da Ísis e produtora do desfile, que entrou com aquela energia de quem comanda tudo. Ela praticamente arrastou o Richard com os olhos, mas ele, claro, estava se divertindo com a situação.

Ele ergueu as mãos, fingindo inocência.

— Já tô indo, já tô indo... — Ele piscou pra mim, dando aquele sorriso que me desmontava. — Boa sorte, morena. Vou estar lá na frente, te vendo brilhar.

— Richard... — resmunguei, revirando os olhos, mas não consegui evitar o sorriso.

Ele se foi, rindo e acenando com um charme que, claro, só ele tinha. Assim que ele saiu, Carla fechou a porta atrás dele com um suspiro frustrado.

— Vocês dois são namorados, é isso? — Ela se virou pra mim, de braços cruzados, claramente curiosa e meio confusa.

Eu abri a boca pra responder, mas a verdade é que nem eu sabia exatamente o que dizer. Namorados? Era complicado demais pra definir assim tão fácil.

— Ah... digamos que... talvez? — sorri sem jeito, dando de ombros. — É... complicado.

Carla me olhou de cima a baixo, claramente tentando entender a situação.

— Complicado, hein? — Ela sorriu, e eu senti que ela estava mais intrigada do que antes. — Bom, vamos ver onde isso vai parar. Mas agora, foco no desfile, tá? Deixa o resto pra depois.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora