E você, quem é?

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Thaila Garcia
São Paulo

Pedi uma carona para Ísis logo depois da sessão de fotos. Estava tão animada com a ideia de surpreender o Richard que nem pensei duas vezes. Depois de esperar a mensagem dele hoje , ele mandou uma mensagem perguntando se eu tava bem, o que foi fofo da parte dele. E bom, por que não retribuir com uma visita surpresa? Além do mais, Juan morava com ele, então era certo que eu conseguiria entrar, nem que fosse para esperar por ele.

Assim que entrei no carro da Ísis, ela me olhou de canto com aquela sobrancelha arqueada.

— Onde cê vai com essa cara de quem tá prestando uma surpresa? — ela perguntou, claramente já sabendo da resposta.

— Só vou ver o Richard... — respondi, tentando disfarçar meu nervosismo, mas falhei miseravelmente. Ela sabia que eu estava ansiosa, era impossível esconder.

— Tá bom, eu finjo que acredito — ela riu, ligando o carro.

A viagem até o apartamento dele foi relativamente rápida, mas a cada quarteirão que passava, meu coração acelerava um pouco mais. No fundo, algo me incomodava, uma sensação esquisita que eu não conseguia explicar. Algo não parecia certo, mas eu tentava ignorar. Talvez fosse só o nervosismo bobo de quem tava ansiosa pra ver alguém que gostava, né?

Cheguei no prédio e agradeci a Ísis pela carona. Ao descer do carro, olhei para o alto, pro apartamento dele, e respirei fundo antes de entrar no prédio. O elevador parecia demorar mais do que o normal, e conforme ia subindo, aquela sensação estranha no peito só aumentava. Um aperto, quase como se meu corpo tentasse me avisar de algo, mas eu continuei. "Deve ser só nervosismo", pensei.

Quando finalmente cheguei ao andar dele, caminhei até a porta e toquei a campainha, tentando acalmar minha respiração. Alguns segundos se passaram, e a porta abriu, mas não era o Juan. Nem o Richard.

Uma mulher, volúpia pura, com roupas curtíssimas, me atendeu. Ela olhou pra mim como se eu fosse uma entrega errada.

— Oi? — falei, completamente sem entender o que estava acontecendo.

Ela arqueou uma sobrancelha, olhando-me de cima a baixo, e sorriu de canto, com aquele ar de quem já sabia mais do que eu gostaria.

— Posso ajudar? — perguntou com uma voz arrastada.

Eu fiquei parada, sentindo meu coração afundar. Quem era ela? E o que ela estava fazendo no apartamento do Richard?

Fiquei ali parada, tentando processar a cena que estava diante de mim. Quem era essa mulher? E por que ela estava no apartamento do Richard? Respirei fundo, tentando me acalmar. "Deve ser alguém do Juan", pensei, tentando encontrar uma explicação lógica. Ela falava espanhol, então poderia ser uma namorada ou uma ficante dele, certo? O Juan vivia saindo com meninas, podia muito bem ser uma delas.

Quando ela me olhou mais de perto e perguntou quem eu era, senti um frio na espinha. Não sabia bem o que responder, mas a vontade de entender o que estava acontecendo me fez agir rápido. Usei o espanhol também, numa tentativa de soar natural, como se eu tivesse todo o direito de estar ali.

— Soy amiga de Richard — falei, tentando manter a voz firme, mesmo que meu estômago estivesse em mil voltas.

Ela arqueou uma sobrancelha e deu um meio sorriso, como se estivesse avaliando minha resposta. Será que ela acreditava em mim? Ou será que sabia mais do que eu?

— Ah, o Montoya? — disse, enquanto se afastava para me deixar entrar.

Meu coração apertou de imediato. Montoya. Só eu chamava ele assim. Pelo menos, era o que eu achava. O apelido era algo nosso, algo que remetia à nossa infância na Colômbia, e de repente, essa mulher solta isso como se fosse algo tão comum. Minha cabeça começou a girar, e cada passo que eu dava dentro daquele apartamento me deixava mais confusa.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora