Eu preciso de você aqui.

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Thaila Garcia
São Paulo

Não sabia exatamente como me sentia em relação ao dia de hoje. Daqui a poucos minutos, eu teria o meu primeiro desfile... e, para ser bem sincera, nunca fui muito fã de passarelas. Sempre as evitei. Meu foco sempre foi posar, tirar fotos, essas coisas. Passei o resto da semana nervosa, com a cabeça cheia sobre isso. Todo mundo dizia que eu iria me sair bem: Ísis passou a semana me dando dicas de como andar, até de poses; minha mãe, sempre otimista, disse que era só o começo e que muitos outros desfiles viriam. E até mesmo o Montoya, apesar de não estar muito animado com o fato de ser um desfile de lingerie, disse que eu iria arrasar.

Mas aqui estava eu, me encarando no camarim, já vestindo a primeira lingerie. O nervosismo tomou conta. Meus pés pareciam grudados no chão. Não conseguia imaginar entrar naquela passarela, muito menos desfilar. Era impossível.

Foi então que Ísis entrou animada, quase pulando.

— Amiga, a gente é a próxima! Tá lotado lá fora! — ela falava com um brilho nos olhos. — Eu vi Milena, Murilo, Joaquin, Thai... até o Maurício tá lá na plateia.

Eu mal conseguia processar o que ela dizia, o som de sua voz parecia distante enquanto eu continuava encarando meu reflexo. Tudo em mim estava em dúvida. As batidas do meu coração aceleraram. E, antes que eu percebesse, as palavras saíram da minha boca:

— Eu não vou conseguir.

Ísis parou, os olhos dela se arregalaram, e a animação sumiu por um segundo.

— Como assim, não vai conseguir? — perguntou, a voz cheia de surpresa e um pouco de pânico.

— Eu tô... nua demais, exposta demais — soltei de repente, sentindo a voz vacilar. — Não dá, Ísis, eu tô com vergonha, e se eu cair? Nunca desfilei antes... e se as pessoas não gostarem de mim?

Eu sentia o pânico crescendo em mim. Meus pensamentos estavam à beira de um colapso. Ísis, vendo o desespero nos meus olhos, tentou tirar essa insegurança da minha cabeça.

— Amiga, que besteira é essa? Você tá linda! Olha, quem vai estar lá: Fernanda e Fábio! Eles vieram pra te ver arrasar. Isso é uma oportunidade incrível, você vai brilhar!

Eu sabia que ela só queria ajudar, mas nada parecia suficiente pra me acalmar. E então, como se meu cérebro tivesse dado um giro completo, eu perguntei antes mesmo de pensar:

— O Richard... ele tá lá fora?

— Richard? — Ela me olhou confusa, franzindo a testa. — Não vi ele por lá, não. Mas por que você tá perguntando dele? Você não odeia ele?

Droga. Eu sabia que essa pergunta ia vir, e não tinha uma boa resposta. Sabia que Ísis achava que eu e Richard estávamos em pé de guerra, porque era isso que eu sempre fazia questão de mostrar.

— Não é nada — falei rápido, desviando o olhar enquanto pegava meu celular. — Só curiosidade...

Eu apertei os dedos contra a tela, digitando uma mensagem de qualquer jeito.

"Tá onde? Eu... eu preciso de você aqui."

Enviei, sem pensar muito, mas torcendo desesperadamente pra que ele respondesse.

Vamos, Montoya, responde logo... Eu preciso de você.

A agitação dentro de mim estava crescendo a cada segundo. Ísis foi chamada para entrar na passarela, e isso significava que eu era a próxima. Olhei para o celular pela milésima vez, mas nada de Richard. Meu coração estava batendo forte, e minhas mãos começavam a tremer. Sem pensar duas vezes, enfiei o roupão por cima da lingerie e saí do camarim.

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora