Pra que fingir?

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Thaila Garcia
São Paulo

Chegamos na festa, acompanhada por Milena, Ísis e Thailana, mas assim que entramos, Milena e Thailana sumiram atrás dos namorados, me deixando sozinha com Ísis, que já foi correndo buscar uma bebida no bar. Eu fiquei ali, observando tudo ao redor. A casa era enorme e estava lotada, Murilo realmente sabia como dar uma festa.

Eu tentava me acostumar com o ambiente, quando decidi me juntar à Ísis no bar. E é claro, como se o universo estivesse brincando comigo, dou de cara com Richard e Juan. Só podia ser brincadeira.

O olhar de Richard foi quase imediato. Chocado, com raiva... ou os dois? Não sei, mas o idiota nem disfarçou. Já Juan, esse sim sorriu de verdade, e eu não consegui evitar retribuir. Era bom ver o colombiano depois de tanto tempo. Ele logo veio puxar assunto, me abraçando como se fôssemos velhos amigos. Eu estava até relaxando um pouco, até que o pior aconteceu.

— Olha só, Richard... Que coincidência, encontrar a Thaila aqui depois de tantos anos.

Juan cutucou o babaca, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu estava pronta pra ouvir Richard dizer que a gente já tinha se encontrado antes, que eu era a enteada do empresário dele, mas o que ele fez?

— Pois é, tanto tempo... Nem acredito. — falou ele, como se fosse a primeira vez que estávamos nos vendo desde a Colômbia. Que babaca.

Meus olhos praticamente queimaram de raiva. Ele me olhou como se nada tivesse acontecido entre nós nas últimas semanas, como se todas as nossas brigas não tivessem passado de um borrão.

Juan saiu dizendo que ia pegar uma bebida, me deixando ali com Richard. Eu aproveitei o momento pra tentar sair também, estava puta da vida depois da merda que ele fez. Fingir que a gente não se conhecia? Como se nada tivesse acontecido? Como se eu fosse ninguém? Era demais.

Eu comecei a andar, mas senti a mão dele puxando meu braço. O toque me fez parar no lugar, mas minha vontade era de me soltar e seguir em frente.

— Thaila, espera... — ele disse, a voz baixa, quase como se estivesse tentando justificar.

Olhei pra ele por cima do ombro, irritada demais pra sequer responder no momento. Eu não queria falar com ele, ainda mais depois daquela palhaçada de fingir que a gente nunca tinha se visto antes.

— Qual é o teu problema, hein? — soltei de repente, a raiva fervendo. — Era só dizer a verdade. O Juan sabe de tudo, ele sabia da nossa amizade. Pra quê fingir, Richard? Pra quê?

Ele abriu a boca pra tentar falar, mas eu nem queria ouvir. O problema não era só ele agir como se eu fosse nada — eu até entenderia se fosse com as novas amizades dele, com as pessoas que não conheciam nosso passado. Mas o Juan? Justo o Juan?

— Você tá louca, Thaila! — ele me soltou o braço e falou, irritado. — Semana passada você disse que queria distância de mim, e agora tá achando ruim?

Eu abri um sorriso irônico, porque, sério, era a coisa mais absurda que eu podia ouvir. Ele realmente tinha a coragem de dizer que eu estava errada nisso tudo?

— E você acha que eu tô vindo atrás de você aqui? — continuei rindo, balançando a cabeça. — Por favor, Richard! Eu vim nessa festa porque as meninas me chamaram, eu nem sabia que você ia estar aqui, muito menos que eu ia ter que lidar com mais uma cena ridícula sua.

Ele bufou, irritado, e foi aí que a discussão começou de vez. Era sempre assim com a gente, parecia que a gente não conseguia ter uma conversa normal sem acabar brigando.

— E eu que tô fazendo cena? Você que tá aqui, vindo atrás de mim. — ele disse, como se eu estivesse caçando ele pela festa inteira.

Aquilo me fez gargalhar de raiva. Sério, ele tava mesmo acreditando nisso?

Entre nós- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora