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Foram longos instantes de silêncio absoluto

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Foram longos instantes de silêncio absoluto.

Cada segundo parecia uma eternidade, carregado de incertezas e medo.

Eu olhava para Beth, em busca de algum indício de como ela reagiria, enquanto ela me estudava em silêncio. A tensão no ar era palpável. A dúvida se eu havia feito a escolha certa ao contar o que aconteceu me corroía por dentro.

Nos encaramos tanto que, por um momento, eu me perdi nas profundezas dos olhos dela. E foi ali que descobri de onde Justin herdou o azul dos seus olhos. O pai dele também tem olhos azuis, mas os de Beth... eles eram mais profundos, como oceanos de diamante. Olhar para ela era como enxergar a alma do Justin — a mesma intensidade, a mesma força.

— Maya... nossa... — Ela suspirou, seus olhos finalmente suavizando enquanto o peso de suas palavras dissipava um pouco da minha angústia — Como foi que isso aconteceu?

Uma onda de alívio me percorreu, quente e acolhedora, ao perceber que ela não me julgava. Ela realmente estava preocupada. A dor que eu sentia, tão afiada até segundos atrás, começou a se dissolver, ainda que lentamente.

— Eu percebi os olhares desde o momento em que entrei na sala de estar. — minha voz vacilou, mas continuei, tentando manter a compostura — Tudo ficou pior quando o Justin precisou ir até o pai dele... — Ela assentiu com seus olhos em mim, como se fossem um farol de empatia — Elas me mediram e... e começaram a falar coisas... — Meu coração batia forte e minha garganta apertou mais uma vez.

— Que tipo de coisas, minha querida? — Sua voz era suave, mas havia algo de feroz por trás daquela gentileza.

— Elas disseram que eu só estou com o Justin por dinheiro, que sou esperta por estar com alguém como ele... — as palavras saíram entrecortadas devido minha voz trêmula — Que eu vou aparecer grávida em alguns meses, que ele poderia escolher uma menina de classe ao invés de uma preta como eu...

E então, antes que pudesse continuar, senti os braços de Elizabeth ao meu redor. Seu abraço era firme, protetor, como se tentasse arrancar a dor do meu peito. Eu não consegui segurar mais. Me agarrei a ela como se aquele fosse o único refúgio seguro no meio de um turbilhão. As lágrimas que eu tentava conter desabaram, e tudo que tentei enterrar saiu de uma vez, em soluços descontrolados.

— Ouça, Maya... — Ela afastou meu rosto suavemente de seu peito. Seus olhos brilhavam com determinação — Eu não sei o que você já viveu até aqui, mas agora você faz parte da nossa família.

— Não precisa... — Eu mal conseguia falar — Não precisa se incomodar, senhora Walsh...

— Preciso sim! — Sua voz era firme, mas carinhosa — Você vai entrar em um banheiro, refazer sua maquiagem e eu vou colocar essas vagabundas nos seus devidos lugares. — Vi de quem Justin herdou seu lado impetuoso e sua boca suja.

— Mas eu não quero causar confusão... — Tentei argumentar, mas sabia que era inútil.

— Não será confusão, querida. Será justiça. — Ela enxugou as lágrimas que ainda manchavam minhas bochechas com delicadeza — Frederick começou essa empresa sozinho. Ele não precisa desses homens e pode muito bem continuar sem eles. — Ela abriu a porta e apontou o lavabo — Vá, se recomponha. Estamos no controle agora.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora