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Olhei o visor dos elevadores e, para a minha infelicidade, um estava em manutenção e o outro parado no trigésimo andar

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Olhei o visor dos elevadores e, para a minha infelicidade, um estava em manutenção e o outro parado no trigésimo andar.

Subi as escadas do prédio comercial com toda a velocidade que pude, lance após lance, incansavelmente, até atingir o décimo primeiro andar. Empurrei a porta corta fogo e dei passos largos pelo corredor.

Ele tinha que estar lá.

Tinha.

Assim que cheguei em frente a sua porta, a luz verde acima da campainha indicava que estava ali e livre. Sem cerimônia, girei a maçaneta e entrei na sala do meu psicólogo. Henry sobressaltou-se na sua cadeira, atrás do seu notebook, com a minha maneira brusca de entrar.

— Maya, o que...?

Ao ver sua feição, hesitei por um segundo. Senti meu peito apertar e minha respiração entrecortada explanar o quanto os meus pulmões trabalharam arduamente para me trazer até aqui.

— Eu só... — Apoiei minhas mãos nos meus joelhos e respirei fundo algumas vezes, tentando recuperar o fôlego — Quero que você saiba que... — Dei mais uma pausa, com a respiração ofegante — Você estava completamente errado. Você está errado, Henry. — Alinhei minha coluna novamente e passei a mão na minha testa, limpando o suor.

— Errado? — Ele levantou lentamente e observou meu rosto — Maya, sente-se. Me conte o que aconteceu.

— Não. — Balancei a cabeça e dei um passo para trás. — Não preciso sentar. Preciso que você entenda que não aconteceu conforme você disse. Você errou e falhou miseravelmente comigo!

O jovem rapaz cruzou os braços e me observou com cuidado. Havia uma sombra de preocupação em seus olhos que não conseguia esconder. Ele percebeu o estado em que eu estava, a forma como minha voz tremia, como minhas mãos não paravam de se mover.

— Maya, você não acha que vai entrar aqui, agir como uma louca e sair sem mais nem menos, acha? — Indagou com sua voz estava firme, mas ao mesmo tempo suave, como se tentasse me acalmar e chamar para a realidade.

— Na verdade, acho sim. — O observei caminhar calmamente pela sala até mim.

— Não. Sente-se. — Ele fechou a porta da sala e fez sinal para os sofás.

Eu não conseguia sentar.

Eu não conseguia calar os meus pensamentos.

Não conseguia olhar nos olhos do Henry e maquiar o turbilhão que eu estava sentindo.

Ele mesmo se sentou e me encarou.

— Não vai se juntar a mim? — Perguntou depois de um tempo.

Eu andava de um lado para o outro em seu consultório. Percebi que meu terapêuta tentava me fazer encarar de frente meus sentimentos. Tentava me puxar para o poço de emoções que eu tinha passado tanto tempo ignorando. Eu senti o nó na minha garganta se apertar, as lágrimas ameaçarem a cair e a irritação queimar embaixo da minha pele.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora