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A Maya acordou eufórica

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A Maya acordou eufórica.

Não que eu saiba como ela acorda normalmente, né...

Foi a primeira vez que dormi na casa dela, e, pra ser sincero, foi bem diferente do que eu esperava. A gente pediu pizza, maratonou três filmes da Marvel em ordem cronológica e passou boa parte do tempo debatendo o quanto aquelas teorias astrofísicas faziam sentido — na medida do possível.

Foi uma experiência única justamente porque eu nunca tive uma conexão assim com alguém. A gente é muito diferente, mas, de um jeito esquisito, também somos iguais.

Ela parece ter saído de um conto de fadas da Disney, sempre educada e com as palavras certas pra cada situação. Enquanto isso, eu sou tipo um personagem do universo de Gotham, que fala palavrão pra caralho.

Mesmo assim, nenhuma garota sugeriu assistir os filmes da Marvel em ordem cronológica antes. Pra elas, não fazia o menor sentido. Mas pra Maya, fazia — e pra mim também. Também nunca rolou de uma garota aceitar pedir a pizza mais cheia de gordura de Manhattan, mas a Maya aceitou. Não só aceitou, como não me pressionou por nunca a ter levado num encontro decente, mesmo sendo "namorados".

Levamos o dobro do tempo pra assistir os três filmes, porque a cada pausa, discutíamos diversas teorias de física quântica. Ela é tão inteligente quanto eu. Às vezes, acho que até mais, mesmo sem memória fotográfica.

Quando o terceiro filme acabou, ela já tava aninhada em mim, e eu nela. Não vou mentir, eu não queria ir embora. Mas também não sabia como pedir pra ficar.

Só que, no fim, nem precisei pedir. Ela meio que leu minha mente quando disse:

— Dorme comigo hoje? — Sua voz estava manhosa.

— Tem certeza? Não vou te atrapalhar? — Fiz um esforço do caralho para não deixar minha felicidade transparecer na minha voz.

— Claro que não. Só avisa a sua mãe...

E assim eu fiz.

Dormi com ela. Acordei com ela se debatendo por conta de um pesadelo. Cochilei. Transei. Tomei banho e dormi de novo.

Tenho nem do que reclamar.

Bom, não teria, se não fosse o clima super pesado que ficou na hora do café da manhã. O pai da Maya é tão ausente, que as vezes esqueço que ele existe.

Assim que descemos para o café, ambos com o cabelo ainda molhado do banho — e de tudo o que rolou lá minutos antes —, lá estava ele, sentado na ponta da mesa, focado em alguma coisa no iPad. Quando percebeu nossa presença, seus olhos se levantaram da tela e cravaram em mim. Longos o suficiente pra me deixar desconfortável.

— Papai... — Maya chamou, mas ele continuou me encarando. — Esse é o Justin. Justin, esse é meu pai, Charles. — Me aproximei, estendi a mão... e ele me deixou no vácuo.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora