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Ultimamente, eu tenho sonhado

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Ultimamente, eu tenho sonhado.

Não são pesadelos como os que eu tinha com minha mãe, embora também sejam perturbadores.

Nesses sonhos, o Justin segura minha mão, me guiando por uma trilha interminável no meio de uma floresta imensa. Nós corremos em direção a algo que só ele parece entender. De vez em quando, ele olha pra mim, e seus olhos azuis, tão profundos, me aquecem. Seu sorriso aberto parece tão natural.

Até que chegamos ao topo de uma montanha, de onde é possível ver a floresta inteira se estender sob nós. A vastidão verde me fascina, como se a natureza fosse uma obra de arte viva.

Eu não vou conseguir te proteger — ele diz e sua voz quebra o encantamento. Eu o encaro, surpresa, enquanto vejo seu rosto mudar. O sorriso desaparece e da lugar a uma tristeza que me desarma. Franzo a testa, tentando entender.

Proteger de quê? — pergunto, enquanto ele abaixa a cabeça e uma lágrima escorre silenciosa. — Justin! — Tento me aproximar, mas ele recua. Seus olhos cheios de lágrimas encontram os meus e ele balança a cabeça, como se não houvesse mais nada a dizer. — Do que você está falando? — Tento novamente avançar, mas ele se afasta mais, virando-se e caminhando de volta pela trilha de onde viemos.

Tento segui-lo. Tento correr, alcançá-lo, mas estou presa no lugar.

Minha voz morre na minha garganta quando tento gritar.

E então tudo se apaga. A floresta, antes vibrante, escurece, cheia de sons que me aterrorizam.

Eu me esforço, desesperadamente, para fugir, mas é inútil.

Estou presa.

Estou sozinha.

— Maya! Ei... — É a voz do Justin — Eu estou aqui, isso é só um sonho. — Ao acordar, encontrei o azul dos olhos do Justin a minha frente — Pesadelos de novo? — Assenti e passei a mão na minha cabeça, aliviada.

— Que horas são? — Perguntei. Ele puxou o celular que estava na cabeceira.

— Cinco e quarenta.

Cinco e quarenta da manhã de uma quinta-feira, no feriado de ação de graças.

— Ainda temos algumas horas, volta a dormir. — Ele disse preguiçoso. Assenti e deitei em seu peito, ainda sentindo meu coração acelerado por conta do sonho.

Além do peso do sonho, eu ainda estava ansiosa com o almoço na casa do Justin, que, no momento, carrega o título de um dos meus pseudo-namorados. E claro, tinha o desconforto constante da minha consciência, que me lembrava da suspensão de uma semana que levei por ter quebrado o nariz da Campbell. E, pra piorar, ainda tive que arcar com os custos hospitalares daquela vaca.

Se eu soubesse que um simples golpe ia me custar uma semana de aula, teria feito muito mais estrago.

Obviamente, minhas bees se revezaram pra transmitir as aulas ao vivo pra mim e me manter informada de tudo o que acontecia. Era como se eu estivesse lá, mas agora minha ficha estava manchada. Conversei com a diretora e consegui dar um jeito de amenizar esse episódio no meu histórico, então Yve League ainda era meu objetivo. Mesmo assim, eu não conseguia me livrar da sensação de fracasso por ter perdido o controle.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora