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Ver a ruiva depois de tanto tempo foi como abrir uma caixa de pandora cheia de sentimentos confusos e contraditórios

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Ver a ruiva depois de tanto tempo foi como abrir uma caixa de pandora cheia de sentimentos confusos e contraditórios.

Alegria. Chateação. Amor. Frustração...

Juliet é o elo fraco da nossa família perfeita. Assumo que, em comparação a família de muitos dos meus amigos, a minha parece ter saído diretamente de um comercial de margarina. Mas, por trás dessa aparência, havia uma complexidade que nem todos viam: Juliet, a peça que, apesar de ser fundamental, frequentemente parecia fora de lugar. Suas ausências e os conflitos a tornavam um símbolo de imperfeição, um lembrete constante de que, por mais que tentássemos buscar a felicidade familiar absoluta, a realidade era muito mais complicada.

— E então? Vai ficar aí com essa cara de bosta ou vai vir me dar um abraço? — Pisquei algumas vezes ao me dar conta de que Juliet realmente estava na minha frente.

Dei passos largos até ela e a puxei para o abraço mais forte que eu poderia dar.

— Porra, eu nem acredito que você está aqui! — Disse ainda abraçado a ela.

— Nem me fale. Nem eu acredito que consegui vir para ficar uma semana. — Respondeu. Normalmente, Juliet vinha apenas para buscar alguma roupa e ia embora no mesmo dia.

— Uma semana? — Perguntei ao soltá-la — Caralho! Que avanço!

— Achou mesmo que eu perderia você na final do campeonato de decathlon acadêmico? — Juliet perguntou. Eu olhei para ela com um sorriso social, mas com um peso que apertou peito.

Porra! O decathlon!!!!! É essa semana!!!!!

— Você veio só por isso? Não precisava... — A verdade era que a presença dela, mesmo que para uma simples competição acadêmica, parecia carregada de uma importância que eu não queria admitir. Principalmente porque eu sou o parceiro titular da Maya, o que complicava ainda mais as coisas.

— Claro que não, né? — Juliet respondeu com um sorriso que não chegava aos olhos. — Uni o útil ao agradável. Tenho que emitir alguns documentos para o intercâmbio. — Franzi a testa ao ouvir isso, sem entender sua revelação. — Ano que vem eu vou pra Inglaterra com alguns alunos da minha turma.

Claro que vai.

A ideia de ela ir para outro continente apenas ampliava a distância que já existia entre nós. Não bastava a separação por estados, ela queria cruzar oceanos, como se quisesse se distanciar definitivamente.

— Não sei nem porque você veio então. — Me afastei alguns passos dela. Senti a frustração e a dor se acumularem. — Se foi pelo tiro de misericórdia, pode ir embora.

A partida de Juliet para a Inglaterra parecia ser o golpe final em uma série de desentendimentos e separações que eu não estava pronto para enfrentar.

— Justin... — Minha mãe me chamou, com seu tom de alerta.

— O que? É a verdade! Ela fica anos sem nos ver direito e, quando vem, é pra pegar documento pra ir pra outro continente. — Balancei a cabeça com desdém. — Se for só por isso, pega o documento e vaza logo. Não precisa ficar aqui dando esmola da sua presença.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora