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Crise de ansiedade

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Crise de ansiedade.

As tenho desde muito nova como consequência direta dos abusos psicológicos da Ruth. Contudo, desde o início da semana, devido a tudo que ocorreu na competição, ela tem se manifestado em mim de formas mais agressivas, como um fantasma que não dá trégua.

O Anônimo trouxe uma nova dimensão para esse meu inferno pessoal. É como se ele fosse o arquiteto de uma insegurança que cresce dentro de mim, uma que me diz, com cruel certeza, que eu não tenho controle de nada.

Eu escondia isso de todos na escola. A máscara era impenetrável durante o dia. Mas em casa era como se o chão abaixo de mim estivesse rachado. A sensação de que a minha vida desmoronava estava sempre ali, latejando. E não me deixava respirar.

Eu chorava. Me afogava em ansiolíticos, antidepressivos, soníferos. Apetites que vinham e iam. Meu corpo sentia cada pílula, mas minha mente? Continuava presa em espirais que me arrastavam de volta para o mesmo buraco.

Eu estava oficialmente no meu inferno pessoal. Sem trégua. Sem saída. E o pior de tudo? Eu sabia que o Anônimo não pararia.

Jurei a mim mesma que, se for preciso, irei matá-lo. Nem que eu tenha que gastar toda a minha herança com advogados, mas eu vou eliminar esse peso da face da terra com as minhas próprias mãos.

Henry me encarava do outro lado do consultório. O rosto calmo, mas preocupado, como sempre.

— Não houve nenhum sinal de melhora desde segunda-feira? — Henry perguntou ao me ver encolhida no sofá do seu consultório.

Já era sexta-feira. Faltavam poucos dias para o meu aniversário, mas a ideia de festejar me enjoava.

— Eu estou com cara de quem teve algum tipo de melhora, Henry? — O sarcasmo saiu ácido, de forma automático. Ele respirou fundo e manteve a paciência.

A verdade é que eu mal existi nesses últimos dias. Eu só dormia. Ou chorava. Nem o Justin eu quis ver.

— Você tentou enfrentar a sua dificuldade de frente? — Soltei um riso amargo, quase debochado.

— Eu amaria enfrentá-lo de frente. Eu daria o meu apartamento inteiro por cinco minutos num quarto trancada com aquele desgraçado. — Senti um sorriso diabólico crescer em meus lábios. — Mas eu não o acho! Como vou enfrentar algo que se esconde nas sombras?

Henry ficou em silêncio por um segundo, mas eu vi seus olhos se estreitarem um pouco. Talvez ponderava o que dizer.

— Já considerou entregar a ele o que ele quer? Nada que toma nossa paz vale a pena, Maya. Às vezes, abrir mão de algo é o melhor caminho para preservar o que importa de verdade. — Ele falava com aquela serenidade típica de terapeutas, mas as palavras dele me atingiram como facas.

Engoli em seco e desviei o olhar.

Eu já tinha pensado nisso, claro. Em desistir. Em simplesmente entregar a ele o que quer que fosse. Mas o que restaria de mim depois disso? O Anônimo não estava apenas ameaçando minha vida... ele estava arrancando pedaços da minha dignidade.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora