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As palavras do e-mail ainda estavam frescas na minha mente

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As palavras do e-mail ainda estavam frescas na minha mente. Eu estava numa constante entre a ansiedade e a euforia.

A confirmação da bolsa em Harvard era um marco que eu aguardava com uma mistura de esperança e nervosismo. Era a chance que eu havia esperado, o reconhecimento pelo trabalho árduo no time de natação, mas, à medida que a realidade se estabelecia, também me invadiu um turbilhão de emoções conflitantes.

Eu estava sentado na minha mesa, a luz suave da lâmpada lançava uma sombra reconfortante sobre os papéis e anotações espalhados. Havia me permitido um momento de silêncio para absorver a notícia. O estalo do teclado e os cliques das notificações no meu computador eram os únicos sons que competiam com o bater acelerado do meu coração.

Harvard.

Caralho!!!! Harvard!!!!!

Eu estava prestes a começar um novo capítulo, mas a euforia estava misturada com uma sensação inesperada de incerteza e só havia uma pessoa que eu queria correr para contar: Maya Davis.

Eu havia imaginado o sorriso dela quando contasse e o brilho em seus olhos. Também a preocupação, porque sabia que Maya não era exatamente a pessoa que acolhia as mudanças facilmente. Havia tantas coisas a considerar: a distância, as novas responsabilidades e a forma como isso poderia impactar a dinâmica entre nós. Ela pensa em ir para Harvard?

A decisão de esperar até o final da sua festa de aniversário não foi pautada apenas sobre o timing. Era sobre a forma como eu queria que nossa história se desenrolasse, com cuidado e consideração. Eu precisava que ela soubesse que, apesar de tudo, o que tínhamos era real e valioso.

— Você percebeu alguma coisa diferente na sua irmã? — Minha mãe surgiu na porta do meu quarto, segurando uma xícara de chá. O vapor que subia da bebida parecia acompanhar a inquietação que eu sentia no ar.

— Em qual sentido? — Devolvi a pergunta e recostei na minha cadeira de estudos, na tentativa de parecer o mais relaxado possível.

— Eu não deveria ter essa conversa com você. — Ela sorriu desconcertada e balançou a cabeça, como se tentasse negar a gravidade do que estava prestes a dizer. Levou a xícara aos lábios e bebeu um gole.

— Mãe, claro que pode! — Levantei e fiquei próximo a ela — Em qual sentido?

— É como se... — Ela olhou em volta para garantir que ninguém nos ouvia, o que aumentou a sensação de que algo sério seria dito. Quando falou novamente, sua voz estava quase um sussurro.  — Ela não fosse mais minha filha. Quer dizer, por fora é. Mas por dentro... Está completamente diferente.

— Ela sempre foi meio louca pra caralho — Falei em um tom divertido na tentativa de suavizar a conversa — Mas por que você está dizendo isso? — A inquietação na minha voz era evidente, mas eu tentava manter a calma.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora