Abelha-Rainha 🐝

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Dezessete anos de idade.

Como foi chegar aos dezessete anos para a maioria das mulheres? Algumas com filhos, outras sem. Algumas sem sexualização, outras inseridas no mercado pornográfico.

Em algumas culturas, como a instaurada em Israel, essa é a idade em que as mulheres já estão casadas. A maioria das mulheres judias se preparam desde o nascimento para o seu tão sonhado casamento. Sei disso porque, ano passado, eu e meus pais fomos a um casamento judeu.

Já eu, aos dezessete anos, além de não ser mais virgem, estou longe de ansiar por algo próximo a isso.

Concordo que são culturas diferentes, crenças diferentes, mas não muda o fato de eu ter acordado ridiculamente reflexiva acerca dos dezessete anos das mulheres no geral. Algumas, nessa idade, já trabalham. Eu não tenho noção do que seja ser uma funcionária assalariada, mas não vou ser ingrata pela condição social ao qual fui contemplada.

Os funcionários do salão de beleza que frequento foram até minha casa me produzir para a festa. Eu apenas observava o reflexo no espelho. Parte de mim estava aliviada por meu pai estar em casa, algo raro em meus aniversários, mas outra parte não conseguia afastar o pavor de que o Anônimo pudesse tentar algo na minha festa.

Enquanto me perdia nesses pensamentos, o som vibrante e animado da minha porta se abrindo me despertou. As vozes estridentes das minhas amigas ecoaram pelo corredor e preencheram o apartamento com uma energia que eu nem sabia que precisava. O sorriso escapou antes que eu percebesse, enquanto elas entravam com uma energia leve.

— Olha só, a aniversariante já está linda! — Mady disse ao jogar a bolsa no sofá e correr para me abraçar.

— Nem tanto assim, ainda... — Respondi, enquanto me levantava para recebê-las.

Tasha e Jheny logo se juntaram. Todas falavam ao mesmo tempo sobre a decoração, a playlist e os detalhes da festa.

— Hoje vai ser épico, Maya. — Tasha disse e se jogou no sofá. — E você vai arrasar como sempre.

— Essa festa vai ser um estouro! — Jheny piscou para mim, animada.

Apesar da ansiedade que ainda me rondava, ver a empolgação delas trouxe um pouco de paz. Tasha logo pediu uma taça de vinho, enquanto Mady e Jheny discutiam qual vestido combinava mais com a vibe da noite.

Eu sorri ao sentir o calor da amizade delas aquecer um pouco as preocupações que pesavam no meu peito. O caos bom de amigas se arrumando juntas me fez perceber que, apesar de tudo, eu não estava sozinha.