Abelha-Rainha 🐝

7

Arrogância. Prepotência. Soberba. Insolência.

Isso é o que está na minha frente, personificado em um metro e meio.

O que lhe falta de altura, lhe sobra de altivez.

Conforme as perguntas eram feitas, consegui ver pela visão periférica que ela ficava ainda mais irritada. Pelo visto, não ter as coisas sob o seu controle era algo que a tirava dos eixos. Quanto a mim? Eu me divertia as suas custas.

Assumo que quando descobri que estava na mesma escola que ela, a minha vontade era de enforca-la até seus olhos, levemente puxados, saírem da sua órbita.

Por diversas vezes, roubar uma faca do refeitório e enfiar em seu coração também era uma ideia latente na minha mente, mas aí eu me lembrava que ela é uma megera sem coração, que bebe a alma dos seus súditos no café da manhã. Então desisti.

Talvez sufoca-la com uma sacola...

— Pronto? — Sua expressão arrogante me dá vontade de entranhar meus dedos no seu cabelo, perfeitamente alinhado, e esfregar seu rosto no asfalto.

— Nasci pronto. — Respondi debochado e devolvi o pirulito a minha boca.

A observei organizar suas fichas de estudo entre os seus dedos. Nesse meio tempo, me veio à mente a razão para tanto ódio.

Flashback

— Mamãe, eu não quero ir para a escola... — Ouvi minha irmã, Juliet, que na época tinha oito anos de idade, dizer à minha mãe.

Ela é um ano mais nova que eu e implicava mais um dia pra não ir ao colégio. Estava relutante a mais de duas semanas e não conseguíamos descobrir o motivo.

— Deixa ela comigo hoje. — Pedi a minha mãe, que me olhou insegura — Amanhã ela vai, né Juls? — Ela sorriu fraco e assentiu, mesmo sabendo que, quando chegasse o dia de amanhã, ela iria chorar pra não ir novamente.

Contrariada, minha mãe a deixou ficar em casa comigo e com a governanta. Após a saída dos nossos pais, percebi que minha irmã saiu de perto de mim.