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O ar parecia mais pesado naquela tarde

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O ar parecia mais pesado naquela tarde. O som das malas sendo arrastadas ecoava pelo chão de madeira enquanto eu me esforçava para não olhar para trás. Mas não dava para evitar. Meus olhos encontraram os rostos deles, e meu coração apertou.

Mady, Jheny, Tasha... E Adam.

Estavam todos ali, parados na entrada do meu quarto, com expressões de quem tentava segurar o que estava por vir, mas já sabiam que seria impossível. Eu também sabia. Não havia como transformar aquela despedida em algo fácil, por mais que tentássemos.

— Então... é isso. — Minha voz saiu baixa, quase inaudível. Minha garganta estava seca e o peso da decisão que eu tomara me esmagava.

Tasha foi a primeira a desmoronar. Ela nunca conseguia esconder as emoções. O som do soluço abafado preencheu o silêncio do quarto e em um segundo, os braços dela estavam ao meu redor. Seu perfume doce me envolveu, misturado às lágrimas que já escorriam pelo meu ombro. Eu queria dizer que ficaria tudo bem, que essa viagem era temporária, mas sabia que não seria fácil para nenhuma de nós.

— Não vai ser a mesma coisa sem você aqui... — A voz dela veio embargada contra meu cabelo. — Quem vai segurar nossas pontas quando a coisa apertar? Quem vai cuidar da gente quando tudo der errado?

Eu a segurei com força, como se pudesse transferir um pouco da minha força para ela. Tasha sempre teve um jeito de me fazer sentir como se eu fosse o centro da nossa pequena galáxia. Mas agora... eu seria a estrela distante.

— Vocês vão dar conta, eu sei que vão. — Sorri entre as lágrimas. — E eu vou estar a uma ligação de distância. Sempre.

Mady veio em seguida, com aquele sorriso que ela insistia em manter mesmo quando tudo parecia desmoronar, mas seus olhos me traíram. Havia dor ali, uma dor que ela tentava esconder, mas que eu via claramente. Ela me puxou para um abraço apertado.

— Você vai arrasar na França, garota. — Sua voz falhou um pouco no fim, e senti o nó na garganta dela se desmanchar quando ela sussurrou: — Mas vou sentir tanto a sua falta, Maya... — Eu fechei os olhos com força, tentando me controlar.

— Eu vou sentir falta de vocês também. — O nó na minha garganta finalmente se rompeu e as lágrimas que eu tentava segurar começaram a rolar pelo meu rosto. — Mais do que vocês imaginam.

Jheny foi a última das meninas a se aproximar. Ela não estava chorando... ainda. Mas seu rosto estava tenso, como se ela estivesse segurando tudo para não desabar na minha frente. Nós duas sempre fomos as mais parecidas, mantendo a pose até o último segundo.

Ela me abraçou firme, sem dizer uma palavra por alguns segundos. Apenas ficamos ali, respirando juntas.

— Não some. — Ela murmurou baixinho. — Eu não sei como vai ser se você simplesmente sumir da nossa vida.

— Eu prometo que não vou sumir. — Apertei ainda mais o abraço. — Eu vou voltar... e quando voltar, tudo vai estar no lugar. Eu prometo.

Então, soltei Jheny e me virei para Adam. Ele estava quieto, encostado na parede, observando tudo. Seus olhos pareciam ainda mais tristes do que o normal e a ideia de deixá-lo para trás me cortava como uma faca. Adam era meu porto seguro, meu amigo em todas as tempestades.

Abelha-Rainha 🐝Onde histórias criam vida. Descubra agora