[Concluída] Memphis Depay, o mais novo craque do Corinthians, só queria driblar a pressão e manter a cabeça no lugar. Melina Campos, uma psicóloga brilhante que, nas horas vagas, troca o divã por um vinho apenas tenta viver sem causar muito alarde p...
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Há uma regra implícita quando você trabalha com atletas de elite: jamais se deixe envolver. Há uma linha tênue entre a profissional que entende a pressão e a torcedora que grita com a TV nas noites de quarta. E eu sempre respeitei essa linha. Mas, ao que parece, desde a chegada de Memphis Depay, a linha anda um pouco embaçada.
Naquela manhã, Rodrigo apareceu na porta da minha casa para me buscar. Era nosso ritual desde que ele entrou no Corinthians ── eu, a psicóloga do time; ele, o meio-campo argentino habilidoso e boca solta.
── Pronta, hermanita? ── ele perguntou, encostado no carro com aquele sorriso irritante de quem sabe mais do que devia.
── Sempre, hermanito ── respondi, jogando a bolsa no banco de trás.
Mas é claro que ele não ia deixar o assunto passar despercebido. No momento em que entrei no carro, Rodrigo soltou:
── Então, o que está acontecendo com você e Depay? ── Ele olhou de canto, tentando parecer casual.
Eu ri, embora tenha sentido meu estômago revirar. ── Nada. Absolutamente nada. Por que tá perguntando isso?
── Porque você está agindo estranho desde que ele chegou ── ele disse, enquanto acelerava. ── E eu sei quando minha irmã tá se metendo em problemas.
── Só estou cumprindo meu trabalho. Ele é um jogador como qualquer outro.
Definitivamente ele não é um jogador como os outros.
Rodrigo bufou, claramente se divertindo com a situação. ── Sei. ‘Um jogador como qualquer outro’ que você não consegue parar de olhar quando ele tá por perto.
── Isso é uma acusação ridícula ── eu retruquei, mas minha voz soou mais defensiva do que eu gostaria.
Rodrigo não disse nada, apenas riu, satisfeito. Aquele tipo de risada que só irmãos sabem dar.
Chegamos ao CT, e assim que entramos na área do café, Luma já estava lá, com seu eterno copo de café na mão, como uma boa cúmplice.
── Bom dia, Mel ── Luma disse, com um sorriso diabólico. É cada amigo que eu arrumo, que vou te contar... ── Dormiu bem ou ficou pensando no treino de hoje? Quem sabe... em quem vai participar do treino?
Por que tudo, agora, virou motivo para falar de Memphis?
Eu revirei os olhos. Sabia que se Rodrigo já estava me provocando, Luma ia se juntar à festa com ainda mais entusiasmo. E, claro, ela o fez.
── Ah, não, Luma ── Rodrigo entrou na brincadeira. ── Nossa Melina aqui só está "profundamente preocupada" com o bem-estar emocional de Memphis. Nada além disso.
Luma deu uma risadinha e eu me virei para pegar um café, tentando ignorar os olhares que os dois me lançavam.
── Vocês são insuportáveis ── resmunguei, tomando um gole do café.