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A chuva caía pesada quando saímos do jardim, mas nada disso importava

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A chuva caía pesada quando saímos do jardim, mas nada disso importava. Eu puxei Melina pela mão, sentindo o calor da pele dela contrastar com a água fria que escorria pelo meu rosto. A tensão entre nós era uma corda esticada ao máximo, pronta para romper a qualquer instante, e o caminho até o carro foi um borrão de urgência e necessidade.

Eu estava molhado até os ossos, a camiseta grudando no meu corpo, mas cada passo era impulsionado por algo mais forte do que eu. Olhei para ela rapidamente antes de entrar no carro. O vestido encharcado colado ao corpo, os cabelos pingando, o rosto molhado, e mesmo assim, ela era a coisa mais bonita que eu já vi. Mais que isso: ela era tudo que eu queria. Mais do que poderia imaginar.

Entrei no carro e mal esperei ela fechar a porta antes de dar partida. O som da chuva batendo no vidro era o único ruído no pequeno espaço entre nós. Nossas respirações eram rápidas, tensas, e as palavras que poderiam ser ditas não tinham espaço ali. Ela olhava para frente, mas eu sabia que sentia o mesmo ── o ar entre nós estava carregado, como se algo estivesse prestes a explodir.

Chegamos na minha casa em minutos que pareceram segundos. O céu estava escuro, cortado apenas pelos faróis do carro e os relâmpagos que ocasionalmente iluminavam a cidade. A chuva ainda caía forte, criando uma atmosfera quase surreal, como se o mundo lá fora não existisse. Estacionei e desliguei o motor. Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas a chuva preenchendo o vazio.

Eu me virei para ela. Nossos olhares se encontraram, e ali estava tudo: o desejo, a urgência, a incerteza de não saber para onde estávamos indo, mas a certeza absoluta de que não havia como voltar atrás.

── Vamos. ── minha voz saiu rouca, carregada de tudo o que eu estava segurando.

Ela assentiu, e sem dizer uma palavra, saímos do carro. Subimos as escadas até o meu apartamento, e a cada degrau, o silêncio entre nós se tornava mais pesado. Quando destranquei a porta e entramos, foi como se o tempo parasse.

Melina estava parada no meio da sala, o corpo encharcado e ofegante. Me aproximei devagar, sem desviar o olhar. Tudo nela parecia um convite, e eu já estava sem forças para resistir. Cada gota de água que escorria pela sua pele parecia me puxar para mais perto.

── Vem cá... ── sussurrei, minha voz mal conseguindo romper o ar tenso.

Ela deu um passo à frente e, em um movimento, minhas mãos estavam em seu rosto, puxando-a para mim. O beijo veio com uma fome que eu nem sabia que tinha. Era o sabor do vinho, a intensidade da chuva, o desejo que já não cabia mais dentro de mim. A boca dela era calor e fogo, e nossos corpos, ainda molhados, se moldavam um ao outro com uma urgência desesperada.

Suas mãos subiram até o meu pescoço, puxando-me com mais força, e a minha resposta foi automática ── minhas mãos percorreram sua cintura, puxando-a para mais perto, como se o espaço entre nós fosse insuportável. Sentia o gosto do vinho nos lábios dela, misturado com o doce da chuva, e a sensação era quase sobre-humana. Eu estava tão perdido nela que nada mais fazia sentido.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora