[26] d e s p e d i d a

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Os dias após o término com Memphis se arrastaram como uma névoa pesada sobre minha mente, deixando tudo o que antes fazia sentido completamente fora de foco

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Os dias após o término com Memphis se arrastaram como uma névoa pesada sobre minha mente, deixando tudo o que antes fazia sentido completamente fora de foco. Eu não conseguia entender o porquê de ele ter terminado assim, sem explicação, sem um motivo claro. E essa incerteza... essa falta de respostas corroía cada parte de mim.

Eu passava as noites em claro, revivendo o momento em que abri a porta do apartamento dele, meu peito ainda cheio de esperança, e vi Flora. A lembrança do sorriso cínico dela ainda me dava náuseas, mas o que mais me consumia era o olhar de Memphis. Havia tristeza, sim, mas também algo mais. Algo que ele não quis ── ou não pôde ── dizer. Era como se ele tivesse decidido, naquele momento, que o melhor era me afastar, mas eu ainda não sabia o porquê.

Durante o dia, eu tentava me concentrar no trabalho, nas rotinas com o time. Luma me dava apoio como podia, mas sabia que não podia me ajudar além disso. Ela via meu cansaço, meu olhar perdido quando Memphis passava pelo CT, o inevitável encontro de olhares, seguidos por silêncios esmagadores. Todo mundo no time percebia a tensão no ar, mas ninguém ousava perguntar. Garro, sendo Garro, me protegia sempre.

Os dias se acumulavam, e a dor não diminuía. Eu já não sabia se o que sentia era mais tristeza ou frustração. Eu queria gritar, queria uma explicação, queria entender por que Memphis me deixou sem dizer nada. Eu passava horas me perguntando o que estava acontecendo na cabeça dele. Será que ele também estava sofrendo? Será que ele pensava em mim como eu pensava nele? Ou será que ele simplesmente tinha seguido em frente?

Foi nesse turbilhão de pensamentos que a proposta do Real Madrid voltou à tona. O convite que antes parecia surreal agora começava a fazer mais sentido. Talvez fosse a minha chance de recomeçar, de me afastar de tudo isso, de Memphis, do Corinthians, de São Paulo. Eu precisava de uma mudança, e talvez Madrid fosse essa mudança.

Quando decidi aceitar a proposta, Rodrigo foi o primeiro a quem contei. Estávamos sentados na sala do meu apartamento, um silêncio confortável entre nós, até que tomei coragem.

── Eu vou aceitar a proposta do Real Madrid ── soltei, de uma vez, sem rodeios.

Garro me olhou, surpreso, os olhos escuros se estreitando enquanto processava a informação.

── Você vai se mudar pra Madrid? ── ele perguntou, como se precisasse repetir as palavras para entender completamente.

Eu assenti, sentindo um nó se formar no fundo da garganta. Dizer aquilo em voz alta tornava tudo mais real, mais definitivo.

── Sim. Acho que preciso disso, hermanito ── respondi, minha voz mais fraca do que eu gostaria. ── Preciso de um recomeço.

Ele me olhou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu lentamente.

── Se é isso que você precisa, então vá. Mas... Mel, só não fuja de você mesma. Não adianta mudar de país se o problema vai junto.

Suas palavras foram diretas, mas não com crueldade. Ele entendia o peso da decisão, o que isso significava para mim. E no fundo, eu sabia que ele estava certo. Talvez parte de mim estivesse fugindo, tentando escapar do vazio que Memphis deixou.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora