[09] a b r a ç o

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Eu encaro o celular, as últimas mensagens trocadas entre mim e Melina ainda brilhando na tela

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Eu encaro o celular, as últimas mensagens trocadas entre mim e Melina ainda brilhando na tela. A conversa estava quente, cheia de insinuações e provocações. Cada resposta dela era uma faísca a mais, algo que me empurrava mais perto de uma decisão que eu já sabia que ia tomar.

Ela mencionou o vinho, o dia longo, o café. E a imagem dela tentando cozinhar ── algo que eu já sabia que não era sua especialidade ── me arrancou um sorriso que, naquele momento, escondia algo mais intenso. Não era só sobre o que estava sendo dito. Era sobre o que estava implícito. O que não estava sendo falado.

Eu poderia continuar jogando essas mensagens pelo resto da noite, mas a verdade é que já estava impaciente. Eu conhecia Melina o suficiente para saber que ela estava no limite. No limite entre resistir e ceder, entre manter o controle e se deixar levar. E talvez eu estivesse da mesma forma. Ou, talvez, eu já tivesse cruzado esse limite sem perceber.

Desligo o celular e passo a mão pela nuca, refletindo por um segundo. Não faço o tipo que pergunta muito, e não é como se ela tivesse dito para eu ficar longe. Pelo contrário, cada palavra nas nossas conversas recentes era um convite, mesmo que disfarçado de brincadeira, de desafio. A noite estava pedindo algo mais.

Levanto-me do sofá e vou até o espelho, passando a mão pelo cabelo. Eu sabia exatamente o que fazer. Não havia espaço para dúvidas agora. Ela queria, e eu também.

Pego uma moletom preto do armário, vestindo-o sem pressa, mas com a mente já a caminho do apartamento dela. Enquanto ajusto, penso em como tudo isso começou: aquelas provocações sutis, os olhares durante os treinos, as trocas de palavras com segundas intenções. Algo estava crescendo há tempos, algo que nenhuma das nossas brincadeiras conseguia mais esconder.

No caminho até a porta, pego as chaves e, de repente, paro por um segundo. Vinho. Preciso levar algo. Eu podia chegar lá de mãos vazias, mas onde estaria a graça nisso? Ela já tinha se servido de uma taça, mas eu sabia que uma segunda garrafa daria o tom perfeito para o que viria a seguir.

Desço, pego o meu carro e dirijo até uma adega mais próxima, e escolho um tinto. Algo forte, com caráter. Exatamente o que a noite precisava. Quando estou prestes a pagar, os morangos na seção de frutas me chamam a atenção. Sorri comigo mesmo. Morangos. A fruta favorita dela. Um detalhe que não passei por alto. Pego uma bandeja deles e saio da loja.

O trajeto até o apartamento dela é rápido, mas cada minuto parece aumentar a expectativa. A cidade à noite sempre tem essa sensação de liberdade, como se houvesse uma promessa no ar de que qualquer coisa pode acontecer. E hoje, eu sentia que algo definitivamente ia acontecer.

Chego em frente ao prédio, olho para as luzes acesas lá em cima. O apartamento dela. Não preciso pensar duas vezes. Subo, o som dos meus passos ecoando pelo corredor vazio. Penso por um momento se ela vai se surpreender ao me ver sem aviso, mas algo me diz que, no fundo, ela estava esperando por isso.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora