[Concluída] Memphis Depay, o mais novo craque do Corinthians, só queria driblar a pressão e manter a cabeça no lugar. Melina Campos, uma psicóloga brilhante que, nas horas vagas, troca o divã por um vinho apenas tenta viver sem causar muito alarde p...
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"Mais do que gosto de admitir."? Onde é que eu estava com a cabeça quando disse uma coisa daquela? Onde, pelo céu, meu juízo tinha ido parar?!
Após entrar no elevador, passei a remoer a noite de passeio em São Paulo ao lado de Memphis com todo o meu ímpeto, traçando planos de como eu iria encará-lo novamente após dizer uma coisa tão brega quanto aquela.
Acordei naquela manhã com uma sensação de inquietação que não conseguia explicar. Não era algo relacionado ao trabalho, nem às sessões com os jogadores do time. Não, isso tinha nome e sobrenome: Memphis Depay. Desde aquela caminhada em São Paulo, algo em mim mudou, mesmo que tenha se passado apenas uma noite. O problema é que, como psicóloga, eu sabia exatamente o que estava acontecendo. O código ético? Ah, esse estava gritando na minha cabeça, lembrando que qualquer tipo de envolvimento pessoal com um paciente era completamente fora de questão. Mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de pensar nele.
── Ele é só mais um jogador ── falei em voz alta, como se isso fosse me convencer de alguma coisa. Mas quem eu estava enganando?
Mais tarde, depois de me vestir, fui encontrar Garro e Luma no café de sempre. Eles me esperavam em uma mesa no fundo, como de costume. Garro, claro, já tinha pedido o cappuccino para mim. A relação que eu tinha com ele sempre foi especial, aquela coisa de irmãos que compartilham tudo ── exceto a nacionalidade. Mesmo sendo brasileira e ele argentino, a gente se entendia em outro nível.
── Você tá estranha hoje ── Garro disse, me estudando de canto de olho enquanto eu me sentava. E olha que eu nem havia dito nada ainda.
Luma riu.
── Deve ser por causa de um certo camisa 94.
Eu bufei, fingindo desinteresse.
── Vocês estão vendo coisa onde não tem.
Garro se inclinou para frente, claramente se divertindo.
── Ah, é? Porque, da última vez que te vi assim distraída, tinha um certo jogador te olhando como se você fosse o gol mais importante da temporada.
Luma estourou de rir.
── Não acredito que você acabou de dizer isso!
Eu balancei a cabeça, mas não consegui evitar o sorriso. Eles sabiam exatamente como mexer comigo.
Afinal, todo mundo parecia saber, ultimamente, como mexer comigo. Só que mais do que todos, Memphis era o pior. Garro, no entanto, não ficava muito atrás.
── Você tá muito quieta, hein, Mel? ── Ele comentou, interrompendo meu devaneio enquanto eu mexia o cappuccino sem parar, transformando o creme em uma bagunça líquida.
── E eu sei exatamente o porquê ── Luma completou, tomando um gole exagerado do seu café. Ela me olhou com aquele sorriso malicioso, claramente já esperando alguma reação.
