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PARTE 02 | NARRAÇÃO MEMPHIS DEPAY

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PARTE 02 | NARRAÇÃO MEMPHIS DEPAY

A viagem para Sevilha ── descobri de última hora que o destino não era Madrid ── começou antes mesmo de pisar no avião. A tensão que pairava no ar era algo que eu já não conseguia evitar. Cada momento, cada segundo naquele aeroporto parecia me lembrar de uma coisa: Melina.

Era difícil manter o foco quando tudo o que passava pela minha cabeça era a nossa última conversa, as memórias que insistiam em voltar, e a possibilidade ── talvez remota, mas ainda presente ── de encontrá-la novamente. Depois daquela ligação, nada tinha sido resolvido, como se estivéssemos presos em um limbo de palavras inacabadas, de sentimentos sufocados e decisões não tomadas. Eu sabia que a viagem para Espanha significava mais do que apenas um torneio. Era o destino brincando com as nossas vidas mais uma vez, nos jogando de volta um ao outro, sem pedir permissão.

No avião, me isolei. Coloquei os fones de ouvido e deixei a música tentar me distrair, mas tudo parecia me levar de volta a ela. Fechei os olhos e, por um breve momento, imaginei como seria vê-la de novo. Eu sabia que seria inevitável, que nossos caminhos se cruzariam, mas como seria? Ela estaria diferente? Ou talvez, tudo o que eu veria seria o mesmo olhar de quem ainda sentia algo, mesmo que escondido sob camadas de dor e orgulho.

Enquanto o avião atravessava o oceano, meus pensamentos viajavam pelo tempo. Lembrei-me de como ela parecia nas manhãs tranquilas em que eu a via acordar do meu lado. Lembrei-me da risada dela, do jeito que ela falava sobre futebol com tanta paixão, e da última vez que a segurei nos braços antes de tudo desmoronar. Aquela sensação ainda me corroía por dentro. As ameaças de Flora, minha escolha covarde de me afastar. Acreditei que estava protegendo Melina, mas no fim, eu a feri mais do que qualquer outra pessoa poderia.

Quando cheguei ao hotel em Sevilha, o plano era focar no jogo. Era só mais uma partida ── importante, claro, mas parte da rotina. Mas aí veio a surpresa. O mesmo hotel. O time do Real Madrid estava hospedado ali também. E, claro, Melina. Porque não poderia ser só mais uma viagem tranquila? Não. O destino queria me testar, me lembrar o tempo todo de quem eu estava tentando esquecer. Eu sabia que ela estaria ali, era óbvio. Só não esperava que o impacto de vê-la de novo fosse tão... avassalador.

Depois de um longo banho e uma breve reunião técnica, descemos para o jantar no restaurante do hotel. A energia era leve, todo mundo rindo e descontraído, como se a tensão do jogo ainda não tivesse alcançado ninguém. Sentei com alguns dos caras, mas meus olhos estavam, sem querer, sempre procurando algo ── ou melhor, alguém.

E foi aí que a vi. Melina estava do outro lado do salão, sentada com Luma, que veio por ser a fisio mais importante do time. Ela gesticulava enquanto falava, rindo de algo que a melhor amiga tinha dito. O jeito como o riso dela enchia o ambiente era perturbador. Era como se o som desse riso me atingisse diretamente, me fazendo lembrar de todas as vezes que eu a fiz sorrir daquele jeito. Tentei me concentrar no meu prato, mas a cada garfada, meus olhos voltavam para ela, quase por reflexo. Aquele cabelo solto, as mãos que ela movia enquanto falava... Eu podia sentir meu peito apertar só de vê-la tão confortável, tão feliz.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora