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Aquela sensação de estar à beira de um precipício, de saber que uma palavra, um gesto, poderia nos lançar em algo incontrolável, pulsava no ar entre nós

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Aquela sensação de estar à beira de um precipício, de saber que uma palavra, um gesto, poderia nos lançar em algo incontrolável, pulsava no ar entre nós. Meus olhos não conseguiam desgrudar dela, e eu sabia que estava quase perdendo a cabeça. “Não vá,” eu disse de novo, quase um sussurro agora, quase implorando. Eu estava me expondo de uma maneira que nunca fiz antes, mas nada mais importava. Só ela.

Melina me olhou, a expressão indecifrável por alguns segundos. Ela ainda segurava o celular com a mensagem de Rodrygo acesa, mas eu vi o conflito nos olhos dela. Ela estava tão perto de sair, de me deixar ali, sozinho, como antes. Só que dessa vez, eu não ia deixar isso acontecer. Não mais.

── Por que, Memphis? ── ela perguntou, a voz mais baixa do que antes, carregada de algo que não era mais raiva, mas algo mais profundo. ── Por que eu deveria ficar?

── Porque você sabe que eu ainda te amo ── a resposta saiu antes que eu pudesse controlar, a minha voz mais firme agora. ── E você ainda me ama também. Nós dois sabemos disso.

Ela respirou fundo, o peito subindo e descendo de maneira rápida, mas não respondeu de imediato. Eu sabia que ela estava processando, tentando lutar contra o que sentia, mas a tensão no ar era tão espessa que parecia sufocante.

── Não é tão simples assim ── ela murmurou, balançando a cabeça devagar, mas sem sair do lugar. ── Você me deixou, Memphis. Me deixou sem dar uma chance de lutar pelo que a gente tinha.

Eu me aproximei, sem me importar com a linha que eu estava prestes a cruzar.

── Eu sei ── admiti, minha voz mais suave agora, mas ainda carregada de algo quase feroz. ── Eu sei que errei. Mas eu nunca parei de pensar em você, nunca parei de sentir isso. E você também não.

Ela abriu a boca para responder, talvez para rebater, mas a tensão entre nós estava além de palavras agora. Era física, algo que queimava cada centímetro de distância entre nós.

── Não é justo... ── ela começou, mas a frase ficou no ar, inacabada, como se ela não soubesse mais como terminar.

── Justo? ── repeti, dando mais um passo em direção a ela. Eu podia sentir o calor irradiando do corpo dela, podia ver o jeito que a respiração dela ficou irregular. ── Nada disso é justo. Nunca foi. Mas eu não vou deixar você sair por aquela porta e fingir que não sentimos nada. Não dessa vez.

Ela finalmente olhou para mim, e nos olhos dela, eu vi o mesmo desejo que me consumia. Estava ali, latente, fervendo, apesar de tudo. O orgulho, a raiva, o ressentimento... nada disso importava quando ficávamos assim, cara a cara com o que realmente queríamos.

Eu a vi hesitar, a mão ainda segurando o celular, mas agora, os dedos dela tremeram levemente. Ela não sabia o que fazer, e por mais que a situação gritasse confusão, o desejo era claro. Entre nós, sempre foi.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora