[35] e l e v a d o r

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O jogo tinha terminado, e eu mal conseguia acreditar no que tinha acontecido

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O jogo tinha terminado, e eu mal conseguia acreditar no que tinha acontecido. Empate de 2 a 2. Não era o pior resultado, mas a intensidade da partida ainda corria pelas minhas veias. Os gritos, as vaias, os aplausos... tudo estava ecoando na minha cabeça enquanto eu caminhava pelos corredores do estádio. A tensão do jogo era quase tangível, como se ainda estivesse vibrando no ar.

Rodrygo apareceu do meu lado, suado, mas sorrindo.

── E aí, Melina? O que achou do jogo? ── Ele passou a mão pelos cabelos, que ainda estavam grudados na testa. O jeito descontraído dele me fazia sorrir. Ele tinha essa energia leve, quase infantil, como se a vida fosse um parque de diversões e ele estivesse sempre pronto para a próxima atração.

── Achei que vocês podiam ter ganhado, né? ── provoquei, jogando ele de leve com o ombro. ── Mas, sério, foi um jogão. Achei que você fosse marcar aquele terceiro gol no finalzinho.

Rodrygo riu e deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

── Ah, acontece. O importante é que a gente jogou bem. E o Corinthians, em? Sangue nos olhos. Nem parecia que estavam fora de casa.

── É... eles não facilitam nunca ── Eu ri, tentando desviar o foco do time. Mas a verdade é que eu não conseguia parar de pensar no Memphis. Ele estava lá, no campo, e cada vez que eu o via correndo, tomando decisões rápidas, jogando como se o mundo dependesse daquilo, algo dentro de mim mexia. E era frustrante. Porque, apesar de tudo, eu ainda sentia.

Rodrygo parou um pouco, me olhando de canto.

── Você e Memphis, hein? ── Ele começou, como quem não quer nada, mas eu já sabia onde aquilo ia parar. ── Eu vi vocês se olhando no corredor ontem à noite. Achei que fossem resolver tudo ali.

Eu olhei para ele com uma expressão de descrença, tentando manter o tom casual.

── Resolveu o quê? Não tem nada para resolver, Rodrygo. Eu e ele... é complicado.

Ele deu uma risada curta e balançou a cabeça.

── Complicado, né? Sempre é. Mas olha, tô vendo o jeito que você olha pra ele, e, sinceramente, não parece que tá tão resolvido assim.

Eu senti o calor subindo pelo meu pescoço. Não sabia se era pelo comentário ou pela verdade nele. O problema era que Rodrygo estava certo, mesmo que eu quisesse negar. E pior, ele sabia disso.

── Deixa isso pra lá ── respondi, tentando encerrar o assunto. ── Vamos voltar pro hotel antes que a gente perca o ônibus.

Rodrygo deu um sorriso travesso, mas não insistiu. Ainda bem. Eu precisava de espaço, de ar, de tempo para pensar sem ele jogando mais lenha na fogueira que já estava queimando dentro de mim.

A volta pro hotel foi silenciosa. Rodrygo estava ao meu lado, mexendo no celular, provavelmente revendo algum lance do jogo, enquanto eu olhava pela janela do ônibus, tentando colocar os pensamentos em ordem. O que tinha sido aquele encontro no corredor ontem? Nada tinha sido resolvido. Pior: tudo tinha ficado ainda mais confuso.

𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora