O som do estádio era ensurdecedor. Os gritos da torcida merengue vibravam no ar, fazendo com que tudo ao redor pulsasse com a energia do jogo. Eu estava sentada nas cadeiras reservadas para a equipe técnica, observando o campo enquanto os jogadores corriam para lá e para cá, lutando por cada passe, cada jogada.
Era um jogo importante. Todos os olhos estavam voltados para o Real Madrid, e eu sabia que meu foco deveria estar ali, nos jogadores, no que eu tinha que observar para ajudá-los a melhorar, mas não estava. Meus pensamentos, na verdade, estavam muito longe daquele estádio.
Cada vez que via alguém conduzindo a bola com a cabeça erguida, fazendo um passe preciso ou disputando cada palmo de gramado, tudo o que eu conseguia lembrar era de Memphis Depay. Eu via flashes dele em campo, de como ele se movia, de sua intensidade. A forma como ele parecia tão concentrado no jogo, mas ao mesmo tempo sempre com um sorriso de lado, aquele que aparecia quando ele sabia que estava dominando o adversário.
Suspirei, tentando afastar essas memórias. Eu não estava aqui para isso. Eu estava no Real Madrid, com uma nova vida, uma nova carreira. Mas, mesmo sentada naquelas arquibancadas, mesmo com todo o barulho, todo o caos ao meu redor, era impossível não me lembrar dele. Não me lembrar do jeito como ele jogava, de como seu toque na bola era quase um reflexo de como ele tocava minha vida ── direto, confiante, mas com um cuidado escondido.
Eu sacudi a cabeça, tentando voltar ao presente, mas a partida diante de mim não me chamava a atenção. Quando o apito final soou, marcando a vitória dos blancos, todos ao meu redor começaram a comemorar, mas eu não conseguia me sentir parte daquilo. Estava longe, muito longe.
Levantei-me e saí do estádio antes que as comemorações se tornassem mais intensas. Queria caminhar. O sol já começava a se pôr, e Madrid ganhava aquele tom alaranjado suave, que sempre me trazia paz. Enquanto caminhava pelas ruas antigas, sentia o aroma da cidade misturado ao som abafado do trânsito e das conversas em espanhol. Estava sozinha, mas minha mente... minha mente vagava de volta para outra cidade, para outro momento.
Outra pessoa.
Foi como um estalo: o Chile. Me vi novamente andando pelas ruas de Santiago com Memphis. Foi uma das nossas viagens mais descontraídas. Lembro de como ele parecia tão à vontade, e de como eu, por algum motivo, me sentia completa ao seu lado. Andamos pelas ruas, sem planos definidos, e acabamos comendo comida de rua. A simplicidade daquilo tinha me encantado. A forma como ele parecia tão feliz com pequenas coisas, com os detalhes da vida.
Ele tinha essa habilidade de transformar o ordinário em algo especial. Uma caminhada à toa se tornava uma lembrança que eu nunca iria esquecer. E, naquele momento em Madrid, era isso que eu sentia falta. Não eram as grandes declarações ou os momentos intensos. Eram os pequenos instantes, os sorrisos casuais, os toques breves de mãos enquanto andávamos lado a lado.
Continuei caminhando, meus passos leves, mas a mente carregada. Peguei o celular no bolso e fiquei olhando para a tela por um tempo. O nome dele estava ali, no topo das minhas conversas. O último contato entre nós... tão distante agora. Senti uma vontade avassaladora de ouvir sua voz, de saber como ele estava. Não importava o quanto eu tentasse seguir em frente, essas memórias sempre voltavam, me puxando para trás, para ele.
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𝘫𝘰𝘨𝘢𝘥𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘤𝘢𝘴𝘰, 𝐌𝐄𝐌𝐏𝐇𝐈𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐀𝐘 ✓
Fanfiction[Concluída] Memphis Depay, o mais novo craque do Corinthians, só queria driblar a pressão e manter a cabeça no lugar. Melina Campos, uma psicóloga brilhante que, nas horas vagas, troca o divã por um vinho apenas tenta viver sem causar muito alarde p...