[Concluída] Memphis Depay, o mais novo craque do Corinthians, só queria driblar a pressão e manter a cabeça no lugar. Melina Campos, uma psicóloga brilhante que, nas horas vagas, troca o divã por um vinho apenas tenta viver sem causar muito alarde p...
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PARTE 01 | NARRACÃO MEMPHIS DEPAY
A ligação não deu em nada além de tristeza, se é o que querem saber.
Ela terminou sem nada resolvido. O som do silêncio que se seguiu ecoava tanto no telefone quanto na minha cabeça. Melina e eu falamos, mas não dissemos nada. Cada palavra parecia pesada, como se houvesse um abismo entre nós que nenhum de nós ousava cruzar. Ela estava em Madrid. Eu, ainda preso no Brasil. E, no meio de tudo isso, Flora. A ameaça dela pairava como uma sombra, uma nuvem que se recusava a ir embora. Eu não podia contar para Melina, não podia arrastá-la para essa escuridão. Mas a dor de estar longe, de manter essa distância imposta, estava começando a me sufocar.
E tinha o novo torneio criado pela FIFA, para me ajudar a enlouquecer realmente. Seriam amistosos entre os clubes de diferentes continentes. E o Corinthians, apesar da fase não tão boa, estaria lá.
Óbvio que estaria. O time é gigante, muito maior do que muitos times europeus da primeira divisão.
Olhei para o celular desligado, ainda indeciso. Eu sabia que o destino estava preparando algo. Esse reencontro no torneio não seria por acaso. Mas será que eu estava pronto para isso? Será que ela estava? Cada minuto que passava, a tensão só aumentava.
Desbloqueei o telefone e vi as fotos recentes dela com o time do Real Madrid, aquela proximidade com o Rodrygo me irritando de uma forma que eu não admitiria em voz alta. Eu sabia que não tinha o direito de sentir ciúmes ── eu fui o responsável por essa distância. Mas só de imaginar que ela pudesse seguir em frente com alguém, alguém que não fosse eu, me deixava desarmado. E agora, com o torneio se aproximando, Madrid estava mais perto do que nunca.
Suspirei, tentando acalmar a tempestade dentro de mim. A realidade era simples: no fundo, eu ainda queria estar ao lado dela. Só que agora, eu não tinha ideia de como reverter tudo isso.
⚽️
Na manhã seguinte, o treino no CT era mais leve do que de costume. Os preparativos para o torneio estavam a todo vapor, e a diretoria já tinha passado uma lista de tudo o que precisávamos saber antes de viajar para Madrid. Mas, mesmo com toda a organização para o torneio, minha cabeça estava em outro lugar. Cada vez mais, a iminente viagem me trazia à tona todas as questões mal resolvidas com Melina. E havia outra questão que eu precisava enfrentar antes disso ── Garro.
Eu o vi do outro lado do campo, conversando com alguns dos caras, a expressão séria, como sempre. Desde que a história entre mim e Melina tinha desmoronado, ele tinha me evitado. Aquele laço de camaradagem e respeito que a gente tinha construído parecia ter desaparecido, e tudo o que sobrou era uma tensão palpável. Ele nunca foi de falar muito, mas o silêncio dele ultimamente dizia mais do que qualquer palavra.
Resolvi que era hora de acabar com aquilo. Se eu ia encarar o que viesse pela frente com Melina, tinha que me resolver com o irmão dela primeiro. Caminhei até Garro, respirando fundo, sabendo que essa conversa não seria fácil.
