Ana Carolina

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━━━━━━━━》🏐《 ━━━━━━━Pov s/n

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Pov s/n.

Os últimos meses tinham sido difíceis. O silêncio entre mim e Carolana era palpável, uma barreira que parecia crescer a cada dia. Nos conhecemos há tantos anos e, apesar de todas as alegrias que vivemos juntas, havia uma sombra pairando sobre nós que não conseguíamos dissipar. O nosso casamento, que antes era uma fonte de amor e risadas, agora se sentia como um espaço vazio, cheio de palavras não ditas e sentimentos reprimidos.

Carol, como sempre a vi, era uma força da natureza. Sua paixão pelo vôlei e sua determinação eram contagiantes. No entanto, havia um desejo que brilhava em seus olhos: a vontade de ser mãe. Desde que nos casamos, ela falava sobre isso, sonhando acordada sobre como seria ter uma família. Mas, toda vez que o assunto surgia, eu mudava de assunto, como se houvesse um botão de desligar que eu acionava sem pensar. E, eventualmente, Carol parou de perguntar.

A cada vez que ela falava sobre crianças, eu sentia um nó se formar em meu estômago. A ideia de ser mãe era algo que eu sempre desejei, mas havia uma dor profunda que eu carregava, algo que nunca revelei a ela. Antes de conhecer Carol, eu havia tentado ter filhos. Era uma fase da minha vida marcada por esperança e, ao mesmo tempo, por desespero. Eu sonhava em ser mãe, mas sempre que a felicidade parecia ao meu alcance, algo dava errado. Abortos espontâneos, complicações... cada perda me deixava mais quebrada do que a anterior. Com o tempo, esse sonho se transformou em um pesadelo.

Eu sabia que precisava me abrir para Carolana. Era hora de enfrentar a verdade que eu escondia, não apenas de mim mesma, mas também dela. O silêncio que nos cercava era insuportável, e eu não queria que nosso amor se tornasse uma sombra do que costumava ser. Com essa determinação, decidi que naquela noite, enquanto o sol se punha e a luz suave do crepúsculo invadia nosso apartamento, eu falaria.

Carol estava na cozinha, preparando o jantar. A visão dela, concentrada e serena, fez meu coração apertar. Eu a amava com toda a minha alma, e era exatamente por isso que eu não poderia mais esconder a verdade. Respirei fundo e me aproximei.

"Carol, podemos conversar um minuto?" minha voz estava trêmula. Ela se virou, com um sorriso caloroso que rapidamente se transformou em uma expressão de preocupação.

"Claro, amor. O que está acontecendo?" Ela deixou a colher de lado e me olhou nos olhos, como se estivesse tentando ler meus pensamentos.

"É sobre... sobre filhos", comecei, hesitante. O peso daquelas palavras parecia quase insuportável. "Eu sei que você tem sonhado com isso, e eu... eu tenho evitado o assunto. Mas preciso te contar o motivo."

O silêncio que se seguiu era opressivo. Eu podia ver a expectativa misturada com a apreensão em seu olhar. "S/N, eu só quero que você seja honesta comigo. O que está acontecendo?"

"Antes de te conhecer, eu passei por muitos momentos difíceis", confessei, a voz embargada. "Eu tentei ter filhos várias vezes, mas sempre perdi. Abortos espontâneos, complicações... foi uma experiência dolorosa e traumática. Cada perda me deixou mais quebrada e cheia de medo. E desde então, eu não consigo pensar na ideia de ser mãe sem sentir uma dor profunda."

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e a dor que eu havia guardado por tanto tempo começou a se desfazer. "Eu tenho medo, Carol. Medo de perder outra vez, medo de que a história se repita. E é por isso que eu mudo de assunto. Eu não quero que você passe pela mesma dor que eu passei."

Carolana ficou em silêncio por um momento, absorvendo cada palavra. Seus olhos estavam marejados, e eu podia ver a empatia e a compreensão em seu olhar. Ela se aproximou e, como se quisesse me proteger do mundo, segurou minhas mãos.

"Meu amor, eu não sabia", ela disse, a voz suave. "Se eu soubesse, teria tentado entender melhor. Eu só quero você ao meu lado, e se você não se sente pronta, eu respeito isso. Mas quero que saiba que não precisa carregar isso sozinha."

As palavras dela foram como bálsamo para minha alma. Eu sempre soube que Carolana era uma parceira incrível, mas naquele momento, eu percebi o quão profundamente ela me amava. "Eu não quero que você desista do seu sonho", continuei, entre lágrimas. "Eu só não sei se consigo suportar a dor novamente."

Ela me puxou para um abraço apertado, e eu deixei que as lágrimas escorressem livremente. "Não precisamos ter todas as respostas agora. Podemos explorar isso juntas, no nosso tempo. Eu estarei aqui, ao seu lado, não importa o que aconteça."

O calor do seu corpo era reconfortante, e eu percebi que, embora a dor ainda estivesse presente, havia também esperança. Esperança de que, juntas, poderíamos enfrentar qualquer desafio. O silêncio que antes nos separava agora se transformava em um espaço de compreensão e amor.

Naquela noite, enquanto conversávamos sobre nossos medos e sonhos, eu percebi que, apesar das dificuldades, ainda havia um caminho à frente. Um caminho que poderíamos trilhar juntas. E, com o amor de Carolana ao meu lado, eu sabia que estava pronta para enfrentar o que viesse. Juntas.

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