O passeio pela cidade começava com uma atmosfera leve e descontraída, mas Rose sentia que havia uma energia latente no ar, algo profundo que ela não conseguia decifrar completamente. Henry era atencioso, explicando detalhes sobre a arquitetura e as ruas antigas com uma facilidade encantadora, mas havia algo nos seus olhares que faziam sua pele arrepiar.
Rose De Luca
Enquanto caminhávamos por uma praça histórica, Henry parou em frente a uma antiga fonte de mármore. Ele se inclinou levemente, olhando para a água cristalina que caía de forma hipnotizante. - Essa fonte tem uma história interessante. - disse ele com a voz baixa e rouca. - Dizem que quem joga uma moeda aqui encontra aquilo que mais deseja.
Eu ri suavemente, tentando aliviar o ambiente carregado. - Você acredita nisso? Parece meio... fantasioso.
Henry olhou pra mim com uma intensidade perturbadora com seus olhos quase invadindo sua alma. - Às vezes, as coisas mais fantasiosas são as que mais se aproximam da realidade. Ele tirou uma moeda do bolso e a ofereceu a ela. - Por que não tenta?
Peguei a moeda com os dedos trêmulos e, sem pensar muito, fechei os olhos e fiz um pedido silencioso. Quando joguei a moeda na fonte, senti como se tivesse me comprometido com algo maior do que imaginava. O som da moeda atingindo a água foi quase como um despertar.
- O que você pediu? - Henry perguntou com a voz suave e inquisitiva.
Eu o olhei por um momento com os lábios curvando-se em um sorriso tímido. - Se eu contar, não vai se realizar, não é?
Henry riu baixinho, com seus olhos não deixando os dela. - Você tem razão. Mas eu tenho uma sensação de que já sei o que foi.
Meu coração bateu acelerado com a sugestão implícita nas palavras dele. Tudo entre nós parecia estar se movendo em uma direção inesperada e impossível de controlar.
...
O passeio pela cidade seguia de forma inesperada, e Henry, com aquele brilho enigmático no olhar, sugeriu um novo caminho. - Vamos por aqui, tenho algo para te mostrar. - Disse ele, conduzindo Rose por uma ruela estreita entre os prédios históricos.
Após alguns minutos de caminhada silenciosa, chegamos a um ponto alto da cidade. A vista era impressionante — uma paisagem urbana iluminada pelo dourado do entardecer. Henry indicou com o queixo um local à frente. - Ali está o antigo jardim botânico. Quase ninguém vai lá, mas é um dos meus refúgios favoritos.
- Você parece conhecer bem cada canto dessa cidade. Rose comentou, com um misto de curiosidade e admiração.
- Digamos que essa cidade tem camadas. - ele respondeu, os olhos fixos na linha do horizonte. - E algumas delas só se revelam para quem sabe onde procurar.
Adentramos o jardim, rodeados por flores raras e árvores antigas, que pareciam guardar segredos sob o suave brilho da luz do fim de tarde. No centro, uma fonte de mármore envelhecida completava o cenário idílico.
- É ainda mais bonito do que eu imaginava. - eu disse, encantada.
- Sim. - Henry concordou, mas seu olhar estava preso nela. - Assim como você.
Senti um leve tremor ao ouvir aquelas palavras, surpresa pela intensidade com que ele me observava. Tentei disfarçar, desviando o olhar para as flores, mas meu coração começou a bater mais rápido.
- Tem uma coisa que eu deveria te contar. - Rose disse de repente, quebrando o momento. - Todo mês, eu viajo para Nápoles para cumprir um plantão. Só vou uma vez por mês, no fim de semana.
Henry ficou em silêncio por alguns segundos, assimilando a informação. - Nápoles, é? - Ele se encostou no tronco de uma árvore, cruzando os braços com uma expressão contemplativa. - Parece que vou ter que me acostumar a esperar.
Sorri, tentando aliviar a tensão que se formava no ar. - É parte do meu treinamento. Não tenho como evitar. Só estarei lá por um final de semana.
- Eu entendo. Henry disse, com um sorriso contido. - Mas isso não muda nada nos meus planos.
- E quais seriam esses planos? - perguntei, com um tom ligeiramente provocativo.
- Te encontrar de novo. - ele respondeu de forma direta, com uma seriedade que me fez arrepiar.
O peso do momento caiu sobre a gente, carregado de uma tensão que eu não sabia como definir. O olhar de Henry era intenso, como se ele já soubesse mais sobre mim do que ele deveria.
...
Enquanto caminhávamos de volta em silêncio, Henry me observava forma intensa, como se estivesse planejando algo, mas não queria revelar ainda. Sentia o peso do olhar dele, mas decidi ignorar por enquanto, tentando manter o foco na leveza daquele dia.
Quando nos aproximamos do prédio onde moro, ele abre a porta pra mim e, com um leve sorriso nos lábios, disse:
- Então, amanhã você vai para Nápoles?
- Sim, só um plantão rápido no final de semana.
Ele fechou a porta com delicadeza e, antes de se afastar, inclinou-se ligeiramente, quase como se fosse confidenciar um segredo.
- Nos veremos em breve, Rose... Nápoles tem um charme especial, não acha?
Franzi a testa, tentando entender o que ele queria dizer, mas antes que pudesse perguntar, ele já estava caminhando de volta para o seu carro. A tensão no ar era palpável. Henry sempre parecia saber mais do que ela, o que me deixava intrigada.
Enquanto ele acelerava, ela ficou parada, assistindo ao carro desaparecer na esquina. Aquela última frase ficou ecoando em sua mente. O que ele estava planejando?
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Obsessão Italiana - 1º LIVRO DA SÉRIE LEGADO ITALIANO
RomanceEm meio às ruas sombrias de Roma, onde o poder e o perigo dançam em uma sinfonia de sedução, uma jovem inocente se vê enredada em um jogo mortal de amor e obsessão. Rose, aos 23 anos, busca apenas um pouco de diversão para celebrar a vida, mas seu m...