Capítulo 19

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Era seu último dia de plantão antes de voltar para casa, e Rose estava exausta. O hospital estava agitado, como sempre, e o foco em pediatria exigia muito dela, mas isso nunca a desgastava. Ver o sorriso no rosto das crianças era sempre o que a motivava a seguir em frente. No entanto, naquele momento, entre um paciente e outro, sua mente não conseguia parar de vagar para Henry. O que ele teria planejado a seguir?


Rose De Luca

Após meu turno,  decidi caminhar até um café próximo ao hospital para relaxar e clarear a mente. Assim que entrei no café, senti o cheiro reconfortante de café fresco e pão recém-assado. Pediu um cappuccino e me sentei em uma mesa perto da janela, observando o movimento na rua.

Estava distraída, mergulhada em pensamentos sobre tudo o que havia acontecido nos últimos dias, quando ouvi a porta do café se abrir. Ao erguer os olhos, vi Henry entrando, elegante como sempre, com aquele ar misterioso e seguro. Não conseguia evitar um sorriso ao vê-lo, mas logo fiquei surpresa. Como ele sabia que ela estava ali?

Henry se aproximou com um sorriso no rosto, mas seus olhos sempre tão sérios. Ele sentou-se à minha frente, sem ser convidado, como se aquele momento tivesse sido cuidadosamente planejado.

 - Rose. - ele disse, com a voz baixa e rouca.  - Você parecia perdida em seus pensamentos. Tudo bem?

Me recostei na cadeira, sentindo a tensão de meus ombros aliviar um pouco ao olhar para ele.  - Estou bem... só cansada. - respondi com sinceridade.  - O trabalho é intenso, mas gratificante.

- Eu imagino. -  ele comentou, com aquele tom enigmático.  - Cuidar das crianças deve ser algo admirável. E exaustivo.

Assenti, mas não conseguia evitar o questionamento que surgia dentro de mim.  - Como você sabia que eu estava aqui, Henry?

Ele sorriu de maneira despreocupada, mas seus olhos não deixavam os meus.  - Digamos que eu conheço seus hábitos. Não é tão difícil adivinhar onde você iria depois de um longo plantão.

Estreitei os olhos, não completamente convencida, mas decidi não pressionar mais. Sabia que ele jamais daria todas as respostas de uma vez, e talvez fosse melhor assim, por enquanto.

- E você? O que faz por aqui? - perguntei, mudando de assunto, tentando soar casual, mas a curiosidade ainda presente.

- Negócios. - ele respondeu, com um tom evasivo.  - E... eu queria te ver.

A simplicidade da resposta me desarmou. Por mais que ele fosse um homem envolto em segredos, havia algo genuíno em suas palavras, uma verdade que eu não podia negar.

 - Eu vou embora amanhã. -  eu disse, quebrando o silêncio.  - De volta para a rotina.

Henry inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos intensos fixos nos meus.  - Então, vamos aproveitar essa noite. -  sugeriu, sua voz profunda carregada de um convite que eu não poderia ignorar.

Hesitei por um momento, mas o magnetismo entre a gente era inegável. Mesmo que parte de minha mente ainda gritasse por cautela, meu coração já havia tomado a decisão.

- Para onde você quer ir? - perguntei, sentindo o calor subir em meu peito.

- Eu conheço um lugar. - ele disse, sorrindo de forma enigmática.  - Um pouco afastado, mas tenho certeza de que você vai gostar.

Deixamos o café juntos, e Henry me guiou até seu carro. O céu de Nápoles começava a escurecer, as primeiras estrelas surgindo no horizonte. Dirigimos em silêncio por um tempo com o som suave do motor preenchendo o vazio, até que chegamos a um lugar isolado, uma colina de onde se podia ver toda a cidade iluminada.

Ao saírmos do carro, olhei em volta, surpresa pela beleza do local. As luzes da cidade abaixo brilhavam como um mar de estrelas, e o silêncio ao redor era quase hipnótico.

 - Eu costumava vir aqui quando precisava de um tempo para pensar. -  Henry confessou, olhando para o horizonte.  - É um lugar que me ajudava a organizar as ideias.

Senti uma proximidade maior naquele momento. Era raro Henry revelar algo tão pessoal, e eu apreciava o gesto.

 - É lindo. - eu disse, aproximando-me dele.

Por um momento, ficamos em silêncio, apenas apreciando a vista e a companhia um do outro. O ar da noite era fresco, mas o calor entre a gente parecia cada vez mais palpável.

Finalmente, Henry se virou para mim com  seus olhos capturando os meus com uma intensidade que fez meu coração disparar.

- Rose. -  ele disse suavemente.  - Eu quero que você saiba... eu não sou o homem que pareço ser. Há coisas que você ainda não entende sobre mim, mas tudo que faço é para te proteger.

Franzi a testa, confusa.  - Proteger? Do quê?

- Há muita coisa acontecendo ao nosso redor, coisas que você não pode ver. E eu estou no meio disso, mas não quero que você se machuque por minha causa.

Senti o estômago se apertar com a tensão crescendo entre a gente. Ele estava tentando avisá-la de algo, mas sem revelar completamente o que estava acontecendo.

- Henry, você está me assustando - admiti com minha voz trêmula.

Ele deu um passo à frente, segurando minhas mãos com delicadeza com seus dedos roçando os meus.  - Eu não quero te assustar. Só quero que você confie em mim.

Olhei para ele com meus olhos cheios de perguntas que ele ainda não estava pronto para responder. Mas naquele momento, sob o céu de Nápoles, eu tomei uma decisão.

 - Eu confio. -  disse com minha voz firme, embora meu coração estivesse acelerado.

Henry me  puxou suavemente para mais perto, e em um gesto calmo, inclinou-se para me beijar novamente, mas dessa vez, o beijo carregava uma promessa de que, por mais que os segredos ainda pairassem entre a gente, algo maior nos conectava.

O que quer que fosse, eu  sabia que não poderia voltar atrás agora.


Esse Henry é um mistério né, gente??

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