Capítulo 15

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A manhã em Nápoles chegou silenciosa, mas o ar carregava algo diferente para Rose. Seus pais já estavam ocupados no hospital, e ela aproveitou para descansar um pouco antes de começar seu plantão à tarde. O encontro com Henry na noite anterior ainda ocupava seus pensamentos. Cada palavra, cada olhar trocado... havia algo nele que a instigava, algo que ela sabia que só aprofundaria sua curiosidade se deixasse.


Rose De Luca

Enquanto tomava o café da manhã na varanda, com a vista das colinas napolitanas ao longe, meu celular vibrou. Peguei o aparelho rapidamente, esperando encontrar uma nova mensagem de Henry, mas era minha colega de plantão.

Bom dia, Rose! Só lembrando que amanhã temos uma reunião importante com a equipe de pediatria. Não vai se atrasar, hein?

Sorri. Sabia que, mesmo com tudo o que estava acontecendo, seu foco ainda era o trabalho e sua paixão pela pediatria. Respondi à mensagem e, por um momento, coloquei o celular de lado, tentando focar no presente, mas algo me puxava de volta para o mistério de Henry.

Meu pensamento foi interrompido por uma ligação. E desta vez, era ele.

- Bom dia, principessa. Dormiu bem? -  A voz de Henry do outro lado da linha me pegou de surpresa.

Hesitei por um momento antes de responder, tentando não demonstrar como ele afetava minhas emoções.

- Dormir em casa sempre faz bem. E você? Como foi a sua noite?

- Tranquila, mas não tão interessante quanto estar com você ontem à noite. - A resposta veio com aquele tom provocante e enigmático que Henry sempre usava.

Sorru, mas logo retomei o controle da conversa.

- Achei que você tivesse algo a fazer por aqui, ou é só uma desculpa para me seguir? - brinquei, tentando manter o tom leve.

Ele riu do outro lado da linha.

- Eu não sou de seguir ninguém. Mas digamos que a cidade me trouxe uma oportunidade interessante.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer com isso, ele continuou.

- Tenho uma surpresa para você, Rose. Sei que você tem um plantão hoje, então não vou atrapalhar. Mas quando terminar... me encontre na Piazza del Plebiscito. Estarei esperando.

Parei  por um momento, intrigada. Henry sempre tinha algo a mais por trás de suas palavras, mas agora havia algo diferente. Um convite que parecia normal, mas carregava algo mais profundo.

- Ok, Henry... mas por que a Piazza? - perguntei, com uma sobrancelha levantada.

- Digamos que há algo lá que quero te mostrar. Algo sobre nós dois. Não se preocupe, você vai gostar.

Com isso, ele desligou antes que eu pudesse responder.

...

O restante do meu dia passou em um ritmo acelerado. O hospital estava cheio, e meus colegas de trabalho estavam sempre correndo de um lado para o outro.  Mergulhei no trabalho, tentando afastar os pensamentos sobre Henry, mas conforme o dia passava, a expectativa de encontrá-lo na Piazza del Plebiscito crescia.

Quando meu plantão terminou, o céu já começava a se tingir com as cores do pôr do sol, e saí do hospital sentindo o peso de um dia longo. Mas, ao mesmo tempo, havia uma excitação silenciosa crescendo em meu peito. Fui direto para casa, tomei banho, me arrumei e, sem pensar duas vezes, dirigi até o centro da cidade.

Ao chegar à Piazza, o local estava parcialmente vazio, exceto por alguns turistas que aproveitavam o fim da tarde para explorar a cidade. Caminhei pelo espaço amplo com meus passos ecoando na praça de pedra. Olhei ao redor, esperando ver Henry, mas ele ainda não tinha aparecido.

Então, de repente, eu o viu se aproximar, saindo de um carro elegante. Henry estava ainda mais atraente do que eu lembrava, com aquele olhar intenso e o sorriso confiante que me fazia sentir um frio na barriga.

 - Achei que você pudesse ter desistido. - Ele disse, ainda com aquele sorriso enigmático nos lábios.

- E perder a chance de descobrir o que você está tramando? Nem pensar. - respondi, cruzando os braços.

- Bom saber que você confia em mim... ao menos um pouco. - Ele deu um passo mais perto com seu olhar sério.

Tentei manter a compostura, mas o magnetismo dele era inegável.

- Então, o que é essa surpresa, Henry? Você disse que tem algo para me mostrar.

Ele hesitou por um segundo, como se estivesse medindo suas palavras, e então gesticulou para que eu o seguisse. Caminhamos até o centro da praça, onde ele parou e olhou para o horizonte, a vista da baía de Nápoles ao longe.

- Você já pensou em como certas pessoas aparecem em nossas vidas por razões que não podemos entender de imediato? - Ele começou, sua voz mais baixa, quase pensativa.

Eu o olhei com curiosidade, sem saber onde ele queria chegar.

- Você acha que é uma coincidência que nos encontramos no restaurante? Que estamos aqui agora? - Ele perguntou com seu olhar sério.

Eu ri levemente, tentando aliviar a tensão.

- Você está me dizendo que acredita no destino, Henry?

Ele olhou para mim com seu rosto inexpressivo, mas  com seus olhos cheios de mistério.

- Talvez. Ou talvez... eu simplesmente sei o que quero e estou disposto a fazer o que for necessário para conseguir.

Antes que eu pudesse responder, ele continuou.

- Nápoles não é apenas sua cidade, Rose. Agora, é a nossa. E isso é só o começo.


O vento soprava levemente pela praça, e o silêncio entre eles carregava uma promessa implícita, algo que nem ela nem ele estavam prontos para colocar em palavras, mas que estava lá, pulsando entre eles.

O que Henry realmente queria, Rose ainda não sabia. Mas uma coisa era certa: ele não era o tipo de homem que entrava em sua vida para deixá-la do mesmo jeito.

Obsessão Italiana - 1º LIVRO DA SÉRIE LEGADO ITALIANOOnde histórias criam vida. Descubra agora