Capítulo 55

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Henry Moretti

Saí da reunião em Milão, sentindo-me cansado, mas satisfeito com o progresso dos negócios. No entanto, minha tranquilidade evaporou assim que olhei para o celular. Uma notificação piscava na tela — uma mensagem com uma foto anexada. Quando abri a imagem, o choque e a raiva se misturaram instantaneamente.

Era Rose, no shopping de Roma, conversando e rindo com Dr. Matteo, o veterinário de Bob. Eles pareciam descontraídos, próximos demais para o meu gosto. Meu corpo inteiro ficou tenso, e eu mal conseguiu respirar.  - O que ele está fazendo com ela?

Meu coração começou a bater mais forte, e a raiva queimava dentro dele. Sem conseguir controlar o impulso, peguei o celular e rapidamente liguei para Rose. Depois de questioná-la e praticamente desligar a ligação, enviei várias mensagem pra ela.

Mas as mensagens ficaram sem resposta. O silêncio no outro lado só fez o meu ciúme aumentar. Senti como se tudo estivesse escapando de suas mãos.  - Por que ela não está me respondendo? -  pensou, cada segundo parecendo uma eternidade.

Sem hesitar, liguei. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Nada. Rose não atendia. Passei a mão pelo cabelo, irritado, enquanto o celular caía direto na caixa postal mais uma vez.

 - Droga! - murmurei, andando de um lado para o outro no saguão do hotel. Minha mente estava rodando com pensamentos furiosos e inseguros.

Determinando que não podia deixar as coisas desse jeito, saí do hotel apressadamente, ordenando que preparassem o jatinho para retornar imediatamente a Roma.

Assim que o avião pousou, fui direto para o apartamento. O silêncio no local me deixou ainda mais agitado. Não havia sinal de Rose. O apartamento parecia vazio, quase desolado.

- Ela foi embora... - murmurei para mim mesmo, sentindo uma pontada no peito.  - Não... não pode ser.

Sem perder tempo, peguei meu celular e disquei rapidamente para Eric, sem disfarçar o desespero na voz:

- Eric, preciso do número da Catherine. Agora! -  ele exigiu.

- Catherine? A amiga da Rose? -  Eric perguntou, claramente confuso com a minha urgência.

 - Sim! Ela deve saber onde Rose está. Me passa o contato!

Eric, percebendo a tensão na minha voz, passou o número sem fazer mais perguntas. Disquei rapidamente com os meus dedos tremendo de frustração. Eu precisava encontrar Rose, precisava entender o que estava acontecendo. Cada segundo sem resposta parecia uma eternidade, alimentando minha raiva e meu ciúme.

O telefone tocou duas vezes antes que a voz calma e animada de Catherine surgisse do outro lado.

- Alô?

- Catherine, aqui é o Henry - minha voz estava mais tensa do que eu pretendia, quase beirando o desespero.  - Onde Rose está?  O que está acontecendo? 

Catherine suspirou ao perceber que a situação era mais delicada do que ela imaginava.  - Henry, calma. Rose não está fazendo nada de errado. Nós saímos juntas, passamos o dia fazendo compras. Ela encontrou o Dr. Matteo por acaso. Não foi nada planejado, eles apenas se cumprimentaram.

- Só se cumprimentaram? Porque parecia que estavam muito à vontade... - ela interrompeu minha voz carregada de ciúmes e desconfiança.

 - Você realmente está com ciúmes disso? Henry, ele é o veterinário do Bob, por Deus! Eles mal conversaram por alguns minutos. Eu estava com ela o tempo todo -  Catherine disse, a paciência dela começando a se esgotar.

- Você não entende, Catherine. Eu vi a foto! Como eu deveria me sentir? Ela estava sorrindo, rindo com ele como se... como se eu nem existisse!

Catherine, agora claramente irritada com a obsessão de Henry, respirou fundo antes de responder:  - Henry, eu entendo que você está estressado, mas você precisa confiar mais na Rose. Ela nunca faria nada para te machucar, e você sabe disso. Essa desconfiança toda só vai afastá-la ainda mais.

Fiquei em silêncio por um momento, processando as palavras de Catherine. Eu sabia, no fundo, que estava exagerando, mas o medo de perder Rose me dominava de tal forma que eu não conseguia pensar com clareza.

 - Onde ela está agora? - perguntei com  a voz mais baixa, quase derrotada.

Catherine hesitou antes de responder:  - Ela foi para Nápoles, Henry. Para a casa dos pais dela. Ela precisava de um tempo, precisava pensar.

Meu mundo parou por um instante.  - Nápoles? Ela foi embora sem me avisar? -  A dor em minha voz era evidente.

 - Ela queria evitar um confronto. Rose estava muito abalada com tudo o que aconteceu. Ela achou melhor passar um tempo com a família para clarear a cabeça - Catherine explicou suavemente.  - Você precisa dar um tempo a ela, Henry. Se você continuar pressionando, vai perder a única chance de reconquistá-la.

Senti como se o chão tivesse sumido sob meus pés. Tentei falar, mas as palavras não saíam. O silêncio entre eles se estendeu por alguns segundos até que Catherine completou:

 - E, a propósito... ela deixou o Bob aqui já que você estava viajando.

 - O Bob ? -  perguntei, sentindo uma pontada no coração. Rose nunca ficava longe do cachorro, e o fato de tê-lo deixado com Catherine indicava que ela realmente pretendia ficar um tempo longe de mim.

 - Sim, ela trouxe o Bob aqui para minha casa antes de ir para o aeroporto. Ela não queria que ele ficasse sozinho no apartamento - Catherine explicou, com um tom mais brando.

A realidade da situação começou a pesar ainda mais em mim. Se Rose estava a ponto de deixar até o Bob, a situação era mais séria do que eu imaginava.

 - Catherine, eu... preciso consertar isso. Eu não posso perder a Rose -  eu disse, agora com a voz carregada de emoção e arrependimento.

 - Escuta, Henry. Eu sei que você ama a Rose, e eu sei que ela te ama também. Mas você precisa confiar. Precisa entender que a obsessão e o ciúme só vão afastá-la mais. Dê um passo para trás, respire. Deixe-a ter esse espaço.

Eu sabia que Catherine tinha razão, mas a ideia de ficar longe de Rose, especialmente depois de tudo que haviam passado, era insuportável. No entanto, eu também sabia que insistir só pioraria a situação.

 - Obrigado, Catherine -  eu disse com a voz baixa, desligando o telefone em seguida. Meus pensamentos estavam uma confusão total.  - Nápoles... - murmurei para mim mesmo, perdido no turbilhão de emoções que sentia.

Olhei ao redor do apartamento vazio, onde tudo parecia lembrar Rose. A única coisa que restava agora era decidir o que faria a seguir.

Obsessão Italiana - 1º LIVRO DA SÉRIE LEGADO ITALIANOOnde histórias criam vida. Descubra agora