Lia chega de Portugal para ser treinadora do Palmeiras, sofrendo muitas críticas tem que provar o seu talento. A jovem esperava um time de braços abertos, mas parece que um jogador não é tão receptivo assim.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
📆23/02 ⏰️19:00 📍Sp, Brasil
A luz acabou
Minha sanidade mental foi junto com ela. Parece que junto com a eletricidade meus sentidos foram embora. A única coisa que consigo fazer é gritar e tentar me encolher.
--Ei tudo bem?- Acho que é Richard que pergunta, mas não tenho forças nem para responder. Aos poucos minha respiração vai indo embora e o desespero toma conta do meu corpo.
--Ela tem medo, eu também tinha quando criança- Endrick fala, mas eu só queria sair dali. Eu precisava respirar, precisava de luz.
--Sim, é o medo de toda criança- Alguém fala, mas eu não consigo identificar na hora quem é. Tento puxar o ar, mas parece que não vem. A sensação é de alguém me apertar. Aos poucos minha garganta dói, eu queria gritar, mas não consigo.
--Para de brincadeira, ela tá mal- Dessa vez eu consigo identificar quem é... Veiga.- Ei tá me escutando?- De repente tudo fica em silêncio, não consigo escutar mais ninguém falando. A voz dele faz eco na minha cabeça
--Vamos levar ela lá pra fora- Alguém fala e toca o meu braço e quase que instantaneamente puxo e me abraço sentindo frio e medo. Sinto meu corpo começar a tremer.
--Não toca nela- Rapha falar mais uma vez. Meu peito continua subindo e descendo em um ritmo rápido tentando puxar a maior quantidade de ar possível.- Eu vou te levar para um lugar claro tá bom?- Consigo assentir levemente e ele coloca a mão nas minha costas e começa a me conduzir.
Cada passo que eu dava sentia o lugar ficar apertado, meu corpo dói e flashs de memória começam a aparecer rapidamente. Já não consigo controlar as lágrimas que rolam livremente pelo meu rosto.
--Aqui, pode sentar- Sinto uma espécie de sofá nas minha pernas e deixo meu corpo relaxar.- Vou ligar a luz de LED, nós estamos na sala de palestra de novo- Fala calmamente- Quando tiver pronta pode abrir os olhos, mas respira comigo.- Ele segura na minha mão me causando na hora um arrepio pelo meu corpo
Ele começa a contar aos poucos apertando levemente minha mão como se fosse uma batida. Aos poucos sinto o ar voltando a entrar em meus pulmões. Meu corpo começa a responder aos meus comandos e eu consigo mexer as mãos.
--Eu tô aqui, tá tudo bem- Ele fala baixo
Aperto sua mão e ele aperta em resposta. Minha garganta tá seca e ainda sinto frio, mas forço meus olhos a abrirem. Pisco um pouco para eles abrirem e se acostumarem com a claridade. Raphael estava ali.
Seu olhar preocupado, observando qualquer mínimo movimento que eu faço. Olho em volta vendo se realmente não tinha ninguém ali e suspiro quando vejo somente ele.
--Tá melhor? Quer alguma coisa?
--Água- Falo com a voz áspera. Era como seu eu tivesse corrido cinco maratonas sem uma gota de água na boca. Ele levanta e pega um copo plástico para usar o filtro no canto da sala. Abraço me corpo tentando parar de tremer um pouco.
--Tá com frio?- Assinto- Vou pedir pra alguém pegar- Ele faz menção de ir a porta, mas eu agarro seu braço antes- Tudo bem, eu não vou sair- Ele deixa o copo na mesa e tira o casaco do Palmeiras colocando pelos meus ombros- Oh sua água- Tento segurar o copo mas acabo colocando força demais e aperto um pouco derramando água.
--Ei, tá tudo bem, devagar- Ele segura minha mão envolta do copo e me ajuda a levar até minha boca
--Obrigada, você não tinha que- Começo a falar mas ele me interrompe
--Ei não precisa falar- Ele se aproxima e eu não consigo segurar e o abraço com o rosto em seu peito. Ele me aperta em seus braços, fazendo um leve carinho nas minha costas. Seu perfume já era um cheiro normal para mim, facilmente eu reconheceria a quilômetros de distância. Um pequeno barulho soa na sala e eu dou um leve pulinho apertando Veiga- São só os meninos- Ele me solta aos poucos e vai destrancar a porta.
--Como estás?- Gómez me pergunta assim que entra na sala
--Tô melhor- Respondo sem graça
--Porra não dá esse susto na gente não- Zé fala entrando com a tropa toda
--Foi só um susto, é medo que tenho desde criança, tá tudo bem- Sorrio transparecer calma.
Raphael no canto da sala continua me observando e sei que ele entendeu que é algo maior que medo de criança, mas não é algo que vou falar. Odeio transparecer fraca na frente dos outros, tento sempre ser forte. Muitas vezes pessoas acham que só por que sou mulher e jovem sou frágil então tento passar uma imagem sólida.
Mas as vezes isso é cansativo, não é fácil ser forte toda hora.