Capítulo 46

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Vamos lembrar que eu amo vocês, viu 🤡




Após a saída de Zulema, a loira pareceu finalmente cair na real do que estava acontecendo enquanto assistia parada no meio do pátio o ônibus se afastar cada vez mais. A comoção que a ida da árabe gerou não durou muito, aos poucos as detentas ao seu redor retornavam à sua rotina naquela vida deprimente.

Macarena praticamente correu para sua cela, sentia seu corpo pedindo desesperadamente para se deitar ou muito provavelmente desmaiaria com a tamanha tontura que começava a sentir. A loira se encolheu na cama dura e fria de sua cela, seu rosto enterrado no travesseiro gasto que não conseguia absorver o dilúvio de lágrimas. Agradeceu mentalmente por Sole e Cachinhos terem entendido que precisava daquele momento sozinha, não a acompanhando desta vez.

Seu peito doía tanto que cada soluço parecia um golpe físico, uma verdadeira punhalada invisível. Seus pensamentos estavam presos em Zulema, naquela mulher cheia de contradições e segredos que, de alguma forma, tinha se tornado o centro de seu universo. Agora, Zulema estava a caminho de um lugar desconhecido, perigoso, e Macarena sentia uma angústia profunda. Era como se o vazio em seu interior aumentasse a cada lágrima derramada.

A dor em seu peito era uma mistura de medo, culpa e amor. Amor por Zulema, que a consumia como um fogo ardente, mas também culpa por ter permitido que a mulher que naturalmente já carregava tanto peso no coração fosse enviada a um inferno ainda maior.

Macarena sentia a culpa esmagadora crescer ainda mais. Não conseguia afastar a imagem de Zulema sozinha, lutando contra inimigos invisíveis, enfrentando perigos que pareciam maiores do que ela mesma. E a cada pensamento, sua dor crescia. Macarena queria gritar, mas sabia que seria inútil. Naquele lugar, ninguém escutava gritos de desespero.

De repente, o som de passos apressados se aproximando chamaram a atenção de Macarena, a tirando momentaneamente de sua bolha de sofrimento. Helena adentrou a cela como um furacão, os olhos brilhando de raiva e algo mais profundo, talvez dor ou desespero.

- O que você fez? - Helena cuspiu as palavras, o tom carregado de raiva.

Macarena se sentou lentamente, secando o rosto com as mãos trêmulas. Seu olhar encontrou o de Helena, e tão de repente quanto o surgimento da morena, a tensão no ar parecia palpável.

- Já fiz tanta merda nesta vida... - Respondeu com uma voz rouca de tanto chorar, tentando manter a calma. - Vai ter que ser mais específica.

Helena cruzou os braços, ainda que tentasse disfarçar, a raiva estava evidente em seu corpo tenso.

- Zulema. Por que ela foi embora?

Macarena suspirou profundamente, se sentando na beirada da cama. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, aquela conversa aconteceria e que com o passar do tempo não poderia mais esconder a verdade.

- Acho que não faz mais sentido eu continuar ocultando isto. - Disse, com a voz baixa. - Afinal, em breve não vou ter mais como disfarçar.

Os olhos de Helena se estreitaram com o rumo que aquela conversa estava levando.

- Disfarçar o quê?

Macarena hesitou por um instante antes de soltar a verdade.

- Eu tô grávida.

O longo silêncio que se seguiu entre as duas foi cortante, deixando Helena, ainda que por um momento, paralisada. Suas mãos, que estavam firmes nos quadris, caíram ao lado do corpo. A morena deu um passo para trás, como se tivesse levado um golpe surpresa de Macarena.

- Não me diz... - O tom de Helena saiu baixo, mas os olhos de Macarena confirmaram o que temia antes mesmo de sua voz.

- Sim, é da Zulema.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora