Um

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Felix sentiu o ar gelado da noite em seus pulmões enquanto olhava para Hyunjin do banco do passageiro. Eles trocavam olhares, e, por um momento, tudo parecia perfeito. Hyunjin sorriu de leve, e Felix se perdeu naquele sorriso, sentindo-se em paz. Mas a paz durou apenas um segundo.

Um som ensurdecedor, metal rasgando metal. Felix nem teve tempo de entender. Hyunjin mal conseguiu girar o volante para desviar. O carro foi atingido com violência na lateral, girando várias vezes antes de ser arremessado para fora da estrada. O mundo virou de cabeça para baixo. Quando tudo parou, Felix estava jogado no asfalto, o gosto de sangue na boca. Sua cabeça latejava, mas nada disso importava.

Seu olhar encontrou o corpo de Hyunjin a metros de distância. Ele não se movia. O pânico tomou conta de Felix, o grito de agonia rasgando sua garganta.

— Hyunjin! — ele gritou, mas não houve resposta. A dor no peito era insuportável, como se o mundo estivesse desabando ao seu redor. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, e ele tentou rastejar até Hyunjin, mas seu corpo não obedecia.

Tudo começou a escurecer até que...

Felix acordou de repente, ofegante e suado, com o coração batendo descontrolado. Seus olhos arregalados tentaram focar o quarto. Ainda estava lá, em seu apartamento em Nova Iorque. A luz suave do abajur ao lado da cama tremeluzia, e Jisung estava sentado ao seu lado, com uma expressão preocupada, mas paciente.

— Shh, Felix... Está tudo bem... Estou aqui — Jisung sussurrou suavemente, acariciando os cabelos úmidos de Felix. Ele sabia. Sempre sabia.

Felix respirou fundo, ainda tentando se livrar da sensação esmagadora de terror que o sonho trazia. Seu corpo tremia, os dedos apertando os lençóis como se a qualquer momento pudesse ser jogado de volta ao asfalto.

— Foi ele de novo, não foi? — Jisung perguntou, já sabendo a resposta.

Felix não conseguiu responder de imediato. Apenas assentiu, mordendo os lábios para segurar as lágrimas. Fazia três anos, mas era como se a noite do acidente estivesse presa no tempo, repetindo-se todas as vezes que ele fechava os olhos.

— Eu nunca vou conseguir me livrar disso... — Felix sussurrou, sua voz embargada.

Jisung puxou Felix para mais perto, envolvendo-o em seus braços, oferecendo o consolo que podia.

— Eu sei que é difícil... mas estou aqui com você. Sempre estarei.

Felix fechou os olhos, sentindo o calor de Jisung contra ele, mas o peso da lembrança de Hyunjin permanecia. Mesmo agora, ao lado de alguém que o amava, ele não conseguia escapar da sombra daquele momento, daquela perda.

Ele suspirou profundamente, encostando a cabeça no peito de Jisung, tentando silenciar os ecos da dor que nunca o deixavam.

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