Vinte e cinco

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Naquela noite, enquanto o filme passava na TV, a mente de Felix estava a mil. Ele não conseguia se concentrar. A tentativa de assassinato que sofrera mais cedo não saía de sua cabeça, e por mais que tentasse afastar os pensamentos, o medo ainda estava ali, latente. Ao seu lado, Jisung estava tranquilo, envolvido pela atmosfera confortável do apartamento e pelo carinho que tinha por Felix.

— Tá tudo bem mesmo? — Jisung perguntou, lançando um olhar preocupado para Felix. Ele percebeu que o namorado estava inquieto a noite inteira.

Felix suspirou e deu de ombros, forçando um sorriso fraco.

— Sim, só estou cansado, acho — disse, embora soubesse que não estava convencendo ninguém.

Jisung o observou por um momento, tentando entender o que se passava. Ele se aproximou mais, tocando delicadamente o rosto de Felix.

— Eu só quero que você relaxe, amor — ele murmurou, inclinando-se para beijá-lo.

Felix hesitou por um segundo, mas logo cedeu ao toque de Jisung. Os lábios se encontraram em um beijo profundo, cheio de desejo e carinho. Felix se deixou envolver, sentindo o calor do corpo de Jisung, e pela primeira vez naquela noite, seus pensamentos sobre Hyunjin e o ataque começaram a desaparecer, mesmo que momentaneamente. Ele soltou um gemido baixo, respondendo ao beijo de Jisung.

Jisung sorriu contra os lábios de Felix, sentindo o namorado finalmente relaxar um pouco. Ele intensificou o beijo, puxando Felix mais para perto de si, passando as mãos pelas costas dele de forma lenta e carinhosa. Felix se deixou levar, se aconchegando no corpo de Jisung, tentando encontrar um momento de paz ali, nos braços dele.

— Você é tudo na minha vida, sabia? — Jisung sussurrou contra os lábios de Felix, seus dedos traçando o contorno da mandíbula dele.

Felix fechou os olhos, sentindo um aperto no peito. Ele queria retribuir, dizer que também precisava de Jisung, mas as palavras não saíam. Ao invés disso, ele apenas sussurrou um "eu sei", enquanto seus dedos agarravam a camiseta de Jisung, buscando um tipo de segurança naquele contato.

— Eu te amo tanto — Jisung continuou, beijando o pescoço dele agora, as mãos passeando pelo corpo de Felix com uma ternura que quase o fez esquecer dos horrores do dia.

Felix suspirou, seus pensamentos ainda bagunçados. Mas naquele momento, ele se permitiu entregar ao carinho de Jisung, sentindo-se, por um instante, protegido e amado.

— Eu também... — Felix respondeu, baixinho, mesmo que a confusão em seu coração fosse mais forte do que ele conseguia admitir.

Jisung levou Felix pela mão até o quarto, seus olhares trocando silenciosos entendimentos. As luzes estavam baixas, criando um clima íntimo e acolhedor. Assim que entraram, Jisung começou a despir Felix com delicadeza, enquanto suas próprias roupas caiam no chão em seguida. Felix, por um breve momento, tentou se entregar ao momento, mas a inquietação dentro de si persistia.

Jisung beijava seu pescoço, seu peito, descendo lentamente pelo abdômen, e tudo o que Felix conseguia fazer era encarar o teto, tentando afastar os pensamentos que o assombravam. O ataque mais cedo, Hyunjin... Como ele podia estar ali, naquele instante, quando tantas perguntas sem resposta ainda pairavam em sua mente? O próximo e-mail para Hyunjin... O que ele deveria dizer? O que poderia descobrir? Tudo isso rodopiava em sua cabeça, mesmo enquanto Jisung o tocava com carinho.

Felix soltou um suspiro baixo, quase involuntário, quando os lábios de Jisung percorreram sua pele. Ele sabia que Jisung estava tentando conectá-los, tentando mostrar que estava ali para ele. Mas, por dentro, Felix estava longe, sua mente ainda nas ameaças que rondavam sua vida. Quando Jisung finalmente o penetrou, Felix fechou os olhos com força, mordendo o lábio para não deixar seus pensamentos escaparem em palavras.

— Está tudo bem? — Jisung perguntou, preocupado com a expressão de Felix, que parecia distante.

Felix assentiu, apertando as mãos nos ombros de Jisung, tentando se agarrar ao momento.

— Sim... — Felix murmurou, a voz rouca. — Só... continua.

Jisung, mesmo com alguma preocupação, obedeceu. Seus movimentos eram suaves, lentos, e ele olhava para Felix com uma intensidade que contrastava com os pensamentos confusos que rodopiavam na mente do outro. Felix o abraçou com força, enterrando o rosto no pescoço de Jisung, deixando-se levar pelos movimentos.

Ele queria estar presente, queria focar no toque de Jisung, mas sua mente insistia em vagar. Cada vez que seus olhos se fechavam, ele via o rosto de Hyunjin, a sombra que o cercava. Felix não conseguia afastar essas perguntas, mesmo quando o corpo de Jisung estava colado ao seu.

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