Ecos Caóticos

Dezessete

Na saída do restaurante, o ar fresco da noite de Nova York os envolveu. Felix e Jisung riam baixo, de mãos dadas, enquanto caminhavam em direção ao carro estacionado. As luzes da cidade refletiam nos olhos de Felix, que por um breve momento se permitiu relaxar. Jisung, sempre com sua energia carinhosa, encostou-se contra o carro e puxou Felix pela cintura, selando os lábios dele em um beijo caloroso.

— Eu poderia fazer isso a noite inteira — Jisung disse com um sorriso no rosto, ainda segurando Felix perto.

Felix retribuiu o beijo, deixando-se levar pela suavidade do momento. Ele passou os braços ao redor do pescoço de Jisung, sentindo-se mais leve do que o habitual, apesar das sombras persistentes que o perseguiam.

— Hoje foi perfeito, Jisung — disse Felix, repousando a cabeça no ombro do namorado e deixando escapar um suspiro. Seu corpo relaxou no abraço, os dedos de Jisung subindo e descendo suavemente pelas suas costas, um gesto que lhe trazia uma sensação de conforto.

— Que bom que gostou, Lixie. Eu só queria te fazer feliz, mesmo que por algumas horas. — Jisung respondeu com ternura, beijando o topo da cabeça de Felix.

Por um momento, Felix fechou os olhos e absorveu o calor daquele instante. Mas quando os abriu novamente, algo prendeu sua atenção. Do outro lado da rua, sob a luz de um poste fraco, uma figura se destacou.

Felix piscou, seu coração acelerando. Ele apertou um pouco mais forte o abraço em Jisung, como se precisasse se ancorar à realidade. Do outro lado da rua, parado na calçada, estava alguém com um longo casaco preto, as mãos enfiadas nos bolsos e a cabeça ligeiramente baixa.

O coração de Felix quase parou. Ele conhecia aquela silhueta. Conhecia aquele jeito de ficar parado. Uma onda de choque percorreu seu corpo. Não podia ser…

Hyunjin.

Felix congelou. Seus olhos se fixaram na figura, como se o tempo ao seu redor tivesse desacelerado. Era impossível. Hyunjin estava morto. Ele sabia disso. Mas ali, do outro lado da rua, ele o via. O rosto parcialmente oculto pela sombra do capuz, mas o corpo era inconfundível. Felix sentiu a respiração falhar, e um calafrio tomou conta de si.

Jisung, sem perceber a mudança repentina em Felix, continuou a acariciar suas costas, ainda sussurrando palavras suaves.

— Está tudo bem, Lixie? — perguntou ele, sentindo o corpo de Felix tenso.

Mas Felix não respondeu. Seus olhos estavam presos naquela visão surreal. Hyunjin, de repente, ergueu a cabeça, e seus olhos se encontraram por um breve segundo. Havia algo no olhar dele, uma mistura de tristeza e despedida. Felix quis gritar, correr até ele, mas seus pés estavam presos ao chão.

Então, com um movimento rápido e silencioso, Hyunjin se virou e começou a andar para longe, atravessando a rua, como se estivesse fugindo. Cada passo parecia arrastado, como se Hyunjin não quisesse ser visto, mas ao mesmo tempo, não conseguisse evitar. Felix tentou se mover, mas seu corpo não respondia. Ele o viu desaparecer na esquina, se afastando mais e mais, até sumir completamente de vista.

— Felix? — Jisung chamou novamente, agora claramente preocupado com o silêncio prolongado. Ele colocou a mão no rosto de Felix, forçando-o a olhar para ele. — O que houve?

Felix olhou para Jisung, o rosto pálido e o coração acelerado. Ele abriu a boca, mas as palavras não vinham. Tudo que conseguia pensar era naquela última visão de Hyunjin se afastando, como se tivesse aparecido apenas para dizer um adeus silencioso.

— Eu... eu estou bem — sussurrou ele, ainda atordoado. Ele forçou um sorriso, tentando disfarçar a confusão que sentia. — Só estou cansado, Ji.

Felix se inclinou para dar um selinho em Jisung, mas sua mente estava longe. A última noite perfeita com Hyunjin parecia ter voltado para assombrá-lo, e a dor de sua perda surgia de novo, como uma ferida que nunca cicatrizou.

E assim, ele se virou, deixando que Jisung o abraçasse novamente, enquanto sua mente se perdia nas sombras daquela noite... e no fantasma que ele achou ter visto. E na incógnita que se formava em sua mente.

Será que Hyunjin está vivo?