Vinte

26 4 1
                                    

Felix entrou em casa, batendo a porta atrás de si com força. Seu coração ainda estava acelerado, e a imagem de Hyunjin fugindo em um carro não saía de sua cabeça. Ele estava nervoso, cada célula do seu corpo parecia prestes a explodir.

— Droga! — gritou, puxando os próprios cabelos enquanto as lágrimas voltavam a escorrer. — Droga, droga, droga!

Ele agradecia internamente por Jisung não estar em casa naquele momento. O surto que sentia crescer dentro de si precisava sair, mas ele não queria que Jisung visse aquilo. Felix soluçou, o choro vindo com força. Ele gritou, socando as almofadas do sofá, como se aquilo fosse aliviar a pressão que sentia em seu peito.

De repente, um barulho cortou o ar. O som de vidro quebrando ecoou pela sala.

Felix congelou no mesmo instante, seus olhos arregalados. Virou-se lentamente em direção à janela, o coração batendo ainda mais rápido, como se fosse saltar de seu peito. Sua respiração ficou presa na garganta ao ver a silhueta familiar escalando a janela da sala, entrando pela pequena abertura.

Era Hyunjin.

Felix quase caiu para trás, suas pernas fraquejaram. Sua mente estava em completo caos, ele piscou várias vezes, achando que estava vendo coisas. Mas não estava. Hyunjin estava ali, na sua sala, depois de escalar até o andar do apartamento de Felix. O rosto dele estava tenso, coberto de suor, e ele parecia cansado, como se tivesse feito uma longa jornada.

Antes que Felix pudesse abrir a boca para falar, Hyunjin avançou em sua direção. Em um movimento rápido, ele cobriu a boca de Felix com a mão, empurrando-o gentilmente para o canto da sala, longe da janela. O toque era forte, mas cuidadoso. Hyunjin encostou Felix contra a parede, pressionando seu corpo contra o dele para que não se movesse.

— Shhh... — Hyunjin colocou o dedo indicador nos lábios de Felix, sinalizando para que ele ficasse em silêncio.

O choque e a confusão eram tão intensos que Felix não conseguiu dizer uma única palavra. Seu corpo começou a tremer de forma incontrolável, lágrimas quentes escorriam por seu rosto enquanto ele olhava diretamente nos olhos de Hyunjin. Eram os mesmos olhos castanhos, aqueles olhos que nunca haviam saído de sua mente desde que ele morreu. Agora, eles estavam ali, tão vivos quanto antes.

Felix tentou engolir o nó em sua garganta, mas o som foi abafado pela mão de Hyunjin. Seus olhos se arregalaram de puro pavor e dor. Ele estava respirando de forma irregular, ofegante, e seu coração estava prestes a parar. Tudo dentro dele gritava, mas ele não conseguia emitir som algum. Ele só conseguia olhar para Hyunjin, preso entre o medo, o amor e a incredulidade.

Hyunjin também estava ofegante, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto observava Felix. Seus olhos eram intensos, como se estivessem cheios de algo que ele queria desesperadamente dizer, mas não podia. O silêncio entre eles era tão pesado que parecia que o tempo havia parado.

— Não diga nada, Felix... — sussurrou Hyunjin, a voz baixa e rouca, quase inaudível. — Só… só me escuta.

Felix, incapaz de responder, apenas assentiu levemente, sem conseguir desviar o olhar.

Ecos Caóticos Onde histórias criam vida. Descubra agora